Rico sem ter de seu
Por Joaquim Letria
Segundo as nossas Imprensa, Rádio e Televisão, Joe Berardo é um dos grandes devedores à banca. E ele não diz que não. O interessante é que as várias centenas de milhões de euros que ele hoje deve à Caixa Geral de Depósitos foram emprestados, ao que se diz, na mira governamental do homem deitar a mão ao BCP. Berardo, lembre-se, já estava no negócio do BPN também só com dinheiro emprestado. Ou seja, no fim de contas, andamos hoje a pagar bancos falidos como resultado das ambições duns e a pouca seriedade de outros, uns políticos e outros negociantes, todos enrolados e de línguas na boca.
Não sei se Berardo também entrou no estoiro do BANIF do ex-ministro Amado, o homem dos Negócios Estrangeiros de Sócrates que meteu a ditadura cruel da Guiné Equatorial na CPLP... mesmo sem falarem português! Não me admiraria que também tivesse que ver com este banco do seu amigo Horácio Roque, outro emigrante na África do Sul… Mas de certeza certa sei que se meteu na revista Sábado, primeira série, publicação então criada e dirigida por este vosso criado. Foi aí que o conheci.
O homem comprou acções e entrou na empresa proprietária da revista que nem um leão. Lembro-me de o ter conhecido depois da assembleia geral de accionistas em que deitou mão à maioria do capital da revista. Recordo-me duma consequente reunião na suite que ocupava no último andar do Lisboa Sheraton de onde dirigia os seus negócios na África do Sul, Canadá, Madeira e Lisboa.
A figura fascinou-me tanto – pobre emigrante aos 18 anos, segurança de cabaré aos vinte e picos, comprador de minas de ouro esgotadas aos 30, investidor em novas energias em Toronto, coleccionador de arte moderna e plantas raras na Madeira e em Joanesburgo, produtor de vinho em Azeitão, explorador de parques temáticos (Buda Eden) no Bombarral – que lhe fiz uma “entrevista de vida” num programa que eu então tinha na RTP.
Na altura Berardo era “um homem de sucesso”. Hoje gostaria de lhe fazer outra entrevista para que ele nos explicasse como se faz tudo isso sem dinheiro, ou antes, com o dinheiro dos outros, porque na revista – saber-se-ia mais tarde – também não meteu um tostão.
Hoje Berardo volta às bocas do mundo por dever à Caixa Geral de Depósitos 280 milhões de euros. Mas eu acho que há mais gente para ser melhor entrevistada – o Constâncio não, porque não se lembra de nada e responde às perguntas com cara de parvo, mas alguém que nos explique como se deve tanto dinheiro a um banco tendo de seu apenas uma modesta garagem no Funchal para oferecer de garantia.
Hoje, sem garantias, um jovem casal consegue comprar um T1 usando o crédito à habitação?! Berardo poderia ser muito útil organizando “workshops” que ensinassem à juventude como usar o dinheiro da banca para arranjar trabalho, comprar casa, carro, férias e educação dos filhos.
Publicado no Minho Digital
Etiquetas: JL
3 Comments:
Bem, o tal Joe, agora, talvez já não se lembre de como conseguiu essas façanhas todas.
Caso padeça do mesmo mal do Constâncio e outros senhores...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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