5.3.20

Marcelo, política externa e exposição mediática

Por C. B. Esperança

Não esqueço o alívio da tomada de posse do atual PR, depois de o meu voto ter ido, como devia, para Sampaio da Nóvoa, por coerência e fidelidade aos meus princípios.
Mantêm-se, aliás, as razões do alívio, após duas décadas alternadas de um ressentido e rancoroso PM e PR. Marcelo, inteligente, culto e simpático, criou um ambiente salubre, com a vantagem de prescindir da prótese, omissa na CRP, uma primeira dama, resquício monárquico que as Repúblicas deviam abolir, porque é uninominal o cargo e há muitas razões para ser mulher a titular, e nenhuma para ser adereço.
Perdoei ao PR a outorga da Ordem da Liberdade a Cavaco Silva, a venera que devia ser reservada aos militares de Abril e aos que lutaram, sofreram e resistiram à ditadura. Vi no ato uma traquinice de quem serve sopa temperada com presunto a um muçulmano.
Depois disso, vieram os ósculos aos anéis dos bispos, as genuflexões pias, as cerimónias públicas com crescente clericalização, cerimónias onde os clérigos romanos mancham a laicidade e abrem um precedente para os de outras religiões.
A exposição mediática é excessiva, e o que o torna inconveniente é a pressão que exerce sobre governantes em casos cuja decisão exige reflexão, como nas indemnizações nos fogos de Pedrógão, ou vulnerável, como dar azo a ser referido no caso de Tancos.
Entre virtudes e defeitos, as primeiras sobrelevam os segundos, mas é nas viagens, cuja ruidosa cobertura contrasta com o sepulcral silêncio dos média na crítica das vantagens de viagens erráticas, de utilidade duvidosa, opaca transparência e custos exorbitantes.
A política externa é reserva exclusiva do Governo e pode ser do interesse do País que a articule com o PR, se constituir uma vantagem acrescida, mas não se vê o benefício de tantas viagens, cujos custos deviam ser ponderados em função dos benefícios.
As viagens, que exigem a presença de membros do Governo e de comitivas, não devem ficar ao arbítrio do PR, nem este deve vulgarizar a comparência a atos irrisórios, como a tomada de posse de Bolsonaro, ou a destinos sentimentais.
O PR é um político com grande poder simbólico e parcas atribuições. Não pode fazer da exibição mediática uma permanente campanha de sedução sem o escrutínio do povo que o elegeu e ao qual deve contenção nos gastos e nos comentários sobre outros políticos.
Não basta a Marcelo a indiscutível honradez pessoal, exige-se-lhe prudência nos gestos, nas palavras e nas despesas. Precisa de ser o oposto do seu antecessor.

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3 Comments:

Blogger opjj said...

A sua racionalidade poderá ser admitida como não totalmente racional.
Tem de admitir que as suas certezas não são do comum cidadão.
Dizer que o seu voto DEVIA - Sampaio da Nóvoa recebeu o prémio do PS.Apostou bem.
Isto é um país de chicos espertos.Quem se mete com o PS leva!
Fala em MANCHAS e ataca o clerical.Quase parece que tem rabo de palha.
Se calhar sou eu que estou mal. Admito.

Cumps,

5 de março de 2020 às 18:47  
Blogger Carlos Esperança said...

Senhor OPJJ,

O senhor está bem. Não se preocupe.

Em democracia, e só quem viveu em ditadura a aprecia, são igualmente válidas e respeitáveis as opiniões divergentes.

Agradeço-lhe o comentário.

6 de março de 2020 às 00:19  
Blogger Unknown said...

According to Stanford Medical, It's in fact the one and ONLY reason women in this country live 10 years more and weigh 19 kilos less than us.

(And actually, it is not about genetics or some secret exercise and absolutely EVERYTHING around "how" they eat.)

P.S, I said "HOW", and not "what"...

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9 de março de 2020 às 21:29  

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