27.2.20

Ana Gomes e as eleições presidenciais

Por C. B. Esperança

Marcelo Rebelo de Sousa será sempre o próximo PR. Aliás, na vigência da atual CRP, todos os presidentes foram reeleitos à primeira volta. Até Cavaco Silva.
O que pode aborrecer o atual e próximo inquilino de Belém não é a dúvida da reeleição, é a extensão da vitória, que desejaria comparar com a de Mário Soares e se arrisca a não ficar longe da de Cavaco.
A eventual entrada da embaixadora Ana Gomes na disputa eleitoral pode agitar todas as candidaturas, exceto a do PCP e a da extrema-direita, a primeira para fixar o eleitorado natural do partido e a outra para alargar a clientela do partido fascista, já representado na AR, e reunir as ruidosas e significativas hordas de racistas, xenófobos, misóginos e homofóbicos, novos e velhos nostálgicos salazaristas, inimigos da democracia.
O BE, que tem em Marisa Matias uma excelente candidata, com expetativa de alcançar percentagem superior à do partido, será a primeira vítima do eventual aparecimento de Ana Gomes, também mulher, com grande currículo profissional e político, de uma área mais favorável, e igual domínio da técnica dos debates. Menos empática, mas capaz de entrar em mais amplos sectores do eleitorado, uma vitória relativa transforma-a em séria candidata a PR nas eleições presidenciais seguintes, e Marcelo, com esta adversária, terá momentos difíceis contra quem é aguerrida e lhe conhece as vulnerabilidades.
Ana Gomes tem contra si os excessos do temperamento e o apoio de Francisco Assis, o Santana Lopes do PS, incapaz de conter o ressentimento contra o PM e líder do partido, mas a expetativa de substituir o atual PR, em 2025, arrastando toda a esquerda e alguma direita, pode ser uma motivação acrescida para quem conhece os corredores da política internacional e está preparada para o cargo. Basta a indisponibilidade de António Costa.
O PS não poderá apoiar oficialmente qualquer candidato e o PSD é obrigado a apoiar o antigo líder, enquanto os exibicionistas do costume conquistam a glória dos tempos de antena e atraem uma percentagem não negligenciável de votos, com Tinos, Cristinas e outros candidatos sem tino.
Apostila – Não voto em Ana Gomes e ficarei sem candidato óbvio, mas, ao contrário do que previa, a embaixadora não será outra Maria de Belém. A candidata que trazia no meu devocionário, Elisa Ferreira, é agora a comissária europeia da Coesão e Reformas.

Ponte EuropaSorumbático

Etiquetas: