15.6.20

No "Correio de Lagos" de Mai 20

I — COMO se sabe, a descoberta do vírus que actualmente nos inferniza ocorreu em Wuhan, na China, no final de 2019, a que se seguiram esforços de entidades oficiais para “calar o mensageiro”. No entanto, em meados de Janeiro já o mundo sabia o que aí vinha, e foi por isso que ficámos de cabelos-em-pé quando, em Espanha, o governo autorizou (e até incentivou) as manifestações do Dia Internacional da Mulher que, só nas ruas de Madrid, juntaram 120 mil pessoas no dia 8 de Março. Algum tempo depois, Salvador Illa, Ministro da Saúde, reconheceu publicamente que “os contágios já estavam descontrolados duas semanas antes”, e Pedro Duque, Ministro da Ciência e da Inovação, que “o Governo já conhecia, em Janeiro, a gravidade do coronavírus”! 
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II — DIZIA um saudoso primo meu que “O Homem só aprende por catástrofes”, mas o certo é que nem com catástrofes aprende, como também pudemos ver por cá: ao mesmo tempo que a DGS, na sua “Orientação” de 10 e 16 de Março, dizia que se deviam “adiar ou cancelar todos os eventos que impliquem, ou possam implicar, a concentração de mais de 100 pessoas”, Ferro Rodrigues fazia finca-pé em juntar 130 para as comemorações do 25 de Abril, como se não estivéssemos em pleno Estado de Emergência. Julgo que, perante a celeuma que se seguiu, o número de participantes veio a ser encurtado por forma a satisfazer o recomendado, mas o sinal já estava dado, e a sequela não tardou, no 1.º de Maio, também com o aval do Governo e do PR.
Quanto a nós, e enquanto “fazemos figas” para que as coisas corram bem, podemos ir pensando que no próximo ano teremos oportunidade de votar em função dessas e de muitas outras coisas, nomeadamente aquelas que os poderes públicos fizeram — ou deixaram de fazer — quando tiveram nas suas mãos as nossas VIDAS.
E informação é coisa que não nos falta pois, em pouco tempo, todos ficámos especialistas em percentagens, exponenciais, geopolítica e política internacional; passámos a conhecer o pesadelo dos lares de idosos e dos alojamentos de refugiados, bem como as contingências do teletrabalho e do ensino à distância; pasmámos com o petróleo a preços negativos, enquanto aprendíamos higiene e infecciologia; e, o mais importante de tudo, pudemos ver como há gente que não hesita em pôr em perigo as vidas dos cidadãos — por mera incompetência, ou se isso favorecer os seus interesses pessoais, de seita ou partidários.
Sim, aprendemos tudo isso e muito mais, mas a principal lição, em termos práticos, foi ficarmos todos a perceber a forma como se propaga o vírus, o que acontece quando uma pessoa infectada expele gotículas que atingem outras, directa ou indirectamente. Neste último caso, a transmissão é feita por intermédio das superfícies onde essas partículas pousam e onde o vírus se mantém activo durante horas, o que nos levaria ao tema das máscaras, que passaram de desaconselháveis a recomendadas, e logo depois a obrigatórias, fazendo-nos pensar quanta gente terá podido morrer por seguir o conselho inicial.
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III — QUANTO à nossa terra, não posso calar que vi na Ameijeira, onde, durante todo Estado de Emergência (e até para além dele!), um parque bio-saudável, dois infanto-juvenis e ainda um skate-parque estiveram completamente escancarados à utilização pública (com acesso directo por duas ruas), sem quaisquer avisos nem fitas inibidoras, situação que só se alterou no dia 6 deste mês (já o Estado de Calamidade ia no 4.º dia!) com a colocação de fitas nos três primeiros, mas deixando o último em utilização livre — assim propiciando as aglomerações de jovens e obrigando, de vez em quando, à intervenção da PSP, para REMEDIAR o que talvez pudesse ter sido PREVENIDO.

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2 Comments:

Blogger José Batista said...

Muito bem, CMR.
Clarinho, como deve ser.

15 de junho de 2020 às 21:25  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Obrigado
Vai ver a continuação, que publicarei em breve...

15 de junho de 2020 às 21:42  

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