20.7.20

No "Correio de Lagos" de Jul 20

Como não podemos ir a todos os restaurantes, nem ver todos os filmes, nem ler todos os livros que gostaríamos, delegamos em quem o faça por nós e nos forneça a informação essencial — ou uma classificação simples, sob a forma de “estrelinhas”, “etiquetas de qualidade” ou qualquer outra coisa elucidativa, de preferência simples e óbvia.
No que toca às praias, esse trabalho está entregue (e bem entregue) à “Associação Bandeira Azul da Europa” (a ABAE) que as analisa sob uma enorme quantidade de critérios (limpeza, qualidade da água, acessibilidades, estacionamento, passadeiras no areal, instalações sanitárias, primeiros-socorros, etc.), uma análise cujo resultado é do tipo SIM-OU-NÃO; ou seja: a praia RECEBE ou NÃO RECEBE a “Bandeira Azul”; não há “mais ou menos”, nem graus intermédios.
Assim sendo, a “Bandeira” é, ao mesmo tempo, um símbolo, uma recompensa, um atestado de qualidade e um galardão, obviamente cobiçado pelas autarquias, na medida em que é uma mais-valia competitiva, que, nos tempos que correm, é mais valiosa do que nunca. Além do mais — e isso é talvez o mais importante — este ano, em que somos infernizados pelo Coronavírus, a ABAE adicionou um novo critério a que habitualmente chamamos “Covid-Free” e que, se calhar, vale mais do que todos os outros juntos.
Quanto aos municípios das Terras do Infante, eles têm, ao todo, 19 “Bandeiras”: Vila do Bispo tem 11, enquanto Aljezur e Lagos têm 4 cada um. 

Mas não podemos deixar de fazer um reparo: em Lagos, as praias da Batata e do Camilo PERDERAM, este ano, o galardão — ao que nos dizem, devido aos valores da qualidade da água. Ora, por mais que procuremos, não encontramos em lado nenhum o sobressalto cívico que o caso merecia: referimo-nos, obviamente, à exigência, pelos lacobrigenses, de uma clarificação das causas do que se passou; salvo melhor opinião, merecem explicações cabais, e porventura apuramento de responsabilidades, que uma situação dessas deveria justificar — especialmente numa altura em que a guerra pelo turismo está ao rubro, com todos os olhos postos em nós — no país, na região e no concelho.
Ou será que já estamos como o optimista da anedota... que perde um dedo num desastre e, em vez de se lamentar, deita foguetes porque os outros 19 estão bons?

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