2.4.21

ASSIM NÃO SE VENDE JORNAIS NEM SE ARRANJA QUEM OS LEIA

Por Joaquim Letria

Dizem as notícias, rezam as crónicas e falam os entendidos que os órgãos de Comunicação Social  se debatem numa agudíssima crise, a maior parte deles à beira da falência, a despedirem pessoal entre o qual muitos jornalistas.

Por outro lado, as universidades que tinham números significativos de alunos no departamento de Ciências da Comunicação a pretenderem seguir cursos de Jornalismo, hoje dispensaram a maioria dos professores e os que vão ficando reformulam as suas cadeiras para Relações Públicas e Marketing dada a escassez de alunos.

A crise tem, naturalmente, a ver com a falta de leitores e espectadores que por sua vez determina a quebra acentuada nas receitas de publicidade, a acompanhar o decréscimo de público. Este, hoje, reparte-se pelas redes sociais, pelas plataformas de streaming,  preferindo  informar-se nos seus telemóveis e na Rádio que escuta enquanto viaja de ponto a ponto no seu carro, do que a ter de ler notícias mal escritas e muitas vezes incompletas e inconclusivas.

Quer isto dizer que os jornalistas de hoje são maus? Muitos são, mas também há muitos bons que são mal aproveitados, mal chefiados, sem direcção competente, mal pagos e com contractos precários que os deixa constantemente à porta da rua e sem apoios, ameaçando o seu dia-a-dia, sujeitando-os a todas as prepotências de quem ordena e de quem manda, a terem  de  atender telefonemas de cima e a obedecer aos poderes dominantes.

Não se sabe  como se chega hoje a chefe mal sabendo ler e escrever, sem experiência profissional? E não se sabe como se vai para director?! A verdade é que aqui não há nenhum mistério. Pode haver uma falta de explicação.  Mas todos sabemos como e porquê isto acontece.

Também compreendemos porque os leitores abandonam este vale de lágrimas, sem culpa para os jornalistas que não têm tempo de ler os outros jornais, informar-se na Imprensa estrangeira, levantar os rabos dos computadores para falarem com fontes, pesquizarem, fazerem reportagem  sem se limitarem a sair para estenderem microfones a deputados, médicos, polícias e bombeiros para estes nos explicarem tudo aquilo que mais tarde o Presidente da República e o Primeiro Ministro vão falar, apresentando-nos as versões e as decisões do Estado de modo a alimentarem o exército de amestrados comentadores que falam e escrevem por aí. Assim é muito difícil vender jornais e arranjar quem os queira ler. Uma pena! 

Publicado no Minho Digital

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Pois, é muito isso.

5 de abril de 2021 às 15:08  

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