18.3.21

PAN – A desintegração de um partido exótico e as variações da geometria partidária


Por C. B. Esperança

André Silva, foi o líder e protagonista de uma novidade que resultou – o PAN –, partido das «Pessoas-Animais-Natureza», a face visível de um partido sem conteúdo, a viajar no comboio da ecologia, ignorando os movimentos ecologistas e os seus objetivos. Valeu-lhe a ausência de um partido ecologista autónomo da CDU, onde o PEV não acrescenta votos à coligação e a inegável preparação dos seus deputados sofre as suspeitas dos que duvidam de qualquer ideia oriunda do PCP.

Muitos se lembrarão da ignorância política, contradições e impreparação demonstradas nos debates com António Costa, Catarina Martins, Rui Rio e Assunção Cristas, só não debateu com Jerónimo de Sousa, e do desastre argumentativo, sem conhecimentos nem objetivos, de André Silva.

O PAN não era um partido, era uma patologia mediática com ambições parlamentares. Graças à benevolência da comunicação social, à sedução do exotismo e à promoção da ignorância a pós-ciência, André Silva conseguiu iludir a mediocridade das prestações televisivas e uma indizível entrevista ao Expresso, e eleger 4 deputados à AR e 1 ao PE.

A experiência na AR levou-o a evoluir e a sobriedade disfarçou o deserto ideológico do PAN cujo programa era pobre, confuso, contraditório, e sem posicionamento político. Surpreendente foi ver algumas figuras de longo passado político a apoiar tal partido, v.g., o prestigiado Prof. Eurico de Figueiredo.

André Silva evoluiu e fez da associação de origem suspeita um partido. A sua deserção, a juntar à do eurodeputado e à de uma deputada da AR, deixa um espaço sem projeto, coesão ou rumo, em franca decomposição. De 5 parlamentares iniciais restaram as suas duas mais ignoradas deputadas na AR.

O rótulo de esquerda que os média lhe atribuíram deve-se talvez à preguiça de quem viu o lugar onde se sentaram na AR. Nos Açores foram decisivos para a chegada do PSD ao Governo Regional, com o partido fascista. Excetuando a defesa dos animais, que cabe a todos os partidos, só fica na memória a exigência de que os deputados do Opus Dei e da Maçonaria, duas organizações legais, devessem tornar pública a sua filiação.

A ausência de ideologia, coerência e objetivos comuns levaram à rápida desintegração. O abandono de André Silva da liderança e da AR precipitam a desintegração do que foi uma ilusão política.

Não é o fim de um partido, é a erosão da religião onde cada crente tem uma fé diversa.

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