O novo aeroporto e a sua localização
Por C. B. Esperança
Não faço parte dos dez milhões de especialistas em aeroportos e, muito menos, dos que têm argumentos irrefutáveis sobre a melhor localização.
Sou dos raros que lamentam que os anos passem, os estudos se amontoem e as decisões retrocedam, se é necessário, como parece, um novo aeroporto internacional.
Não esqueço a tirada demagógica de um futuro PM a dizer que, “enquanto houver uma criança sem consulta, não haverá TGV”. Crianças sem consulta existirão sempre, e a alta velocidade ferroviária excluiu Portugal, quando eram pingues os fundos e generosa a União Europeia, ficando nós “orgulhosamente sós”.
Difícil de entender o direito de veto das autarquias a projetos nacionais, resta acreditar agora que o aeroporto do Montijo irá para outra localização.
O atraso apenas gera gastos inúteis, inflação dos preços e lutas partidárias. A retirada do poder de veto às autarquias foi uma decisão que pôs termo aos humores dos edis e salvou a face de Rui Rio, com o argumento, agora sim, porque ficam várias soluções possíveis, sem que a localização no Montijo se altere.
A decisão não cabe aos partidos nem ao Governo, cabe à ANA, vendida ao desbarato, durante 50 anos, com liberdade para fixar os preços aeroportuários e de interferir na localização de novos aeroportos.
Tanto quanto julgo, a ANA pode ser contrariada, mas terá de ser ressarcida dos 3 mil milhões de euros que desembolsou pelo setor estratégico, e receber os lucros previstos até aos 50 anos que lhe foram concedidos.
Portanto, a ANA é que decide e, se não obtiver ganhos ainda maiores, o novo aeroporto será no Montijo.
Etiquetas: CBE
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