1.4.22

SÃO COMO PEDRAS, OS GAJOS

Por Joaquim Letria

Os políticos informam pouco e mal. Creio, no entanto, que sem má intenção.

Não sabem mais do que mostram… desde a revolução industrial que andam tão atrasados que chegaram, coitados, neste estado ao presente, véspera de algo que desconhecem.

A ferrugem humana que a paragem das grandes máquinas lançou para as ruas é da família dos ferromagnetos que enriqueceram a ficção científica. A grande maioria dos políticos chegou tão atrasada que saltou para a última composição que saiu da estação sem reparar que embarcava no último comboio de Gun Hill.

Muitos dos nossos políticos mentem. Sabem, pelo menos, que nunca conseguirão acabar com o desemprego porque este é intrínseco ao sistema. É de Karl Marx a expressão “desemprego intrínseco”. Esta deve ser daquelas “contradições” de que Marx foi profético, para estupefacção daqueles que davam o alemão por morto e o confundiam com o cadáver de Lenine.

Tudo o que serviu para manter as pessoas com esperança no futuro, convencidas de que chegariam a alguma parte, está em crise: a Igreja, a Cultura, o Modernismo, a História, a Liberdade, enfim tudo aquilo a que Lyotard chamava de “grandes narrativas”.

Jazemos no nada, no vazio da post-modernidade. Tenhamos a honestidade de reconhecer que as revoluções industriais também não resolveriam o problema do desemprego, da exploração, da miséria. Seria, pelo menos, muito improvável que o conseguissem.

Renunciando aos grandes esquemas que não entendemos e nos quais descremos, preferimos passar a reger-nos pelo sistema primitivo dos mitos. E isso também é muito perigoso, quando confiamos em gente que conhecemos mal e em quem não se acredita minimamente.

Depende do grau de proximidade. Ao nos aproximarmos muito, a preocupação cresce e a desilusão avoluma-se. A razão de ser desta conclusão é simples. Ao nos acercarmos de alguns políticos chegamos a uma conclusão: “São como pedras, os gajos, não dão água”.

Publicado no Minho Digital

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