O estranho ornitorrinco - *A Austrália é a pátria deste animal
Por Antunes Ferreira
No avião que nos leva a Melbourne Onde residem primos da Raquel as assistentes de bordo e os comissários distribuem una impressos para ser preenchidos com os dados de cada passageiro, número do passaporte, duração da estada na Austrália, local onde ficar, etc. e um item sublinhado: aviso que é absolutamente proibido trazer para o país qualquer tipo de alimentos sob pena que pode chegar a prisão.
Se por acaso for portador de tais coisas ao longo dos corredores que levam aos controles de passaportes e aduaneiros existem recipiente onde podem ser deitados os mesmos. E repete-se ameaçador o aviso: sob pena de prisão. Ora a Raquel levava no seu anoraque diversos pitéus de comida goesa para ofertar aos familiares e decidiu ignorar o folheto e a consequente ameaça!
Chegados aos guichês da polícia de fronteiras, cobarde, eu dirigir-me a um, enquanto a minha esposa foi para outro. Passei sem quaisquer problemas e fiquei siderado pois ela demorava-se em conversa com o agente que era, após um cenho franzido, todo sorridos. A fila que aguardava a sua vez de ser entrevistada já se impacientava e surgiam alguns comentários mais críticos.
E eis que a boa da minha cara metade, depois de entregar ao funcionário um cartão de visita seguiu impoluta e segura a recolher a bagagem sem quaisquer problemas. Eu, pasmado nem queria acreditar em tal milagre. Claro que ali não a inquiri sobre o que s tinha passado embora estivesse carregado de dúvidas. Que mistério acontecera? Como atravessara ela não o cabo da Tormentas mas o guichê fatal?
Cá fora, na rua, aguardavam-nos os primos que eu não conhecia mas cuja simpatia era mais do que evidente. A caminho da casa a Raquel contou as peripécias que tinham rodeado a passagem pelo controle na fronteira e informou das chamuças e outros manjares que trazia com ela para regalo da família. Foi um espanto geral.
Chegados a casa e depois de uns uísques retemperadores ela contou com pormenores o que tinha passado. O oficial começara por lhe perguntar face ao visto de turista se tinha familiares na Austrália ao que ela respondera que não, que vinha apenas como turista gozando do privilégio de ser empregada da TAP – coisa que ele não conhecia – e mostrou-lhe o cartão da companhia explicando-lhe que era a transportadora aérea portuguesa.
Depois informou-o de que era amiga do embaixador australiano em Lisboa, por isso tinha aquele visto muito especial e fora ele que lhe indicara os melhores alojamentos quer em Melbourne quer em Sidney, mostrando também uma carta da embaixada assinada pelo próprio diplomata. A conversa surtira o efeito pretendido e o agente desejara-lhe uma boa estadia e carimbara o salvo conduto, tendo ainda a Raquel deixado-lhe um cartão de visita para ele usar no caso de ir a Portugal.
A estória foi motivo de conversas durante os dias que passámos em Melbourne que não tinha grandes motivos para dissertações. Os transportes colectivos estavam em greve, com autocarros e eléctricos estacionados nos principais cruzamentos com o pessoal sentado calmamente lendo os jornais do dia, fumando e até jogando às cartas.
Foi aí que me apercebi dum fenómeno que me deixou profundamente admirado. Na Austrália eram proibidos artigos para eliminar moscas, as cattle flies. Ou seja as moscas do gado. Sendo um grande produtor de carne as moscas eram “sagradas”. Um dia quando nos deslocávamos à praia assisti a um fenómeno espantoso que, infelizmente por não ter connosco máquina fotográfica não registei.
Um primo da Raquel usava uma camisa de manga branca de curta. Por incrível que pareça as costas eram negras tantas as moscas que nela estavam pousadas. Explicaram-me depois que os tradicionais chapéus usados no campo (e também nas cidades) de aba larga, tipo cauboi tinham pendurados rolhas de cortiça para com o movimento da cabeça afastar as moscas.
Por mim sentia-me quase um palhaço ao andar n rua e a agitar constantemente os braços e as mãos perante os olhares profundamente admirados dos restantes cidadãos habituados às moscas. Mas não foi a tais insectos a que aqui vim, mas sim â fauna muito especial da Austrália. Num passeio que fizemos ao Zoológico tive a oportunidade de ver espécies características do continente australiano.
Diversos tipos de cangurus, de cores e tamanhos diferentes, coalas, emas, tudo integrado um zonas tão próximas dos respectivos habitats quanto possível. É forçoso que diga que nesse contexto a Austrália é um continente que ao mesmo tempo é um país e pode orgulhar-se do tratamento ambiental – pelo menos na década de oitenta que foi quando ali estive.
Também fomos a Sidney mas isso é outra estória que em devido tempo – se tiver pachorra e sobretudo saúde tenciono abordar – porque hoje fico-me por aqui dedicando as últimas linhas a um animal estranho que é o ornitorrinco. Observei-o e procurei depois documentar-me sobre ele, Uma vez mais recorri à Wikipédia. Aqui fica o essencial do que encontrei.
“O ornitorrinco (nome científico: Ornithorhynchus anatinus, do grego: ornitho, ave + rhynchus, bico; e do latim: anati, pato + inus, semelhante a: "com bico de ave, semelhante a pato") é um mamífero semiaquático natural da Austrália e Tasmânia. É o único representante vivo da família Ornithorhynchidae, e a única espécie do gênero Ornithorhynchus. Juntamente com as equidnas, formam o grupo dos monotremados, os únicos mamíferos ovíparos existentes. A espécie é monotípica, ou seja, não tem subespécies ou variedades reconhecidas.
O ornitorrinco possui hábito crepuscular e/ou noturno. Preferencialmente carnívoro, a sua dieta baseia-se em crustáceos de água doce, insetos e vermes. Possui diversas adaptações para a vida em rios e lagoas, entre elas as membranas interdigitais, mais proeminentes nas patas dianteiras. É um animal ovíparo, cuja fêmea põe cerca de dois ovos, que incuba por aproximadamente dez dias num ninho especialmente construído. Os monotremados recém-eclodidos apresentam um dente similar ao das aves (um carúnculo), utilizado na abertura da casca; os adultos não têm dentes. A fêmea não possui mamas, e o leite é diretamente lambido dos poros e sulcos abdominais. Os machos têm esporões venenosos nas patas, que são utilizados principalmente para defesa territorial e contra predadores. Possui uma cauda similar à de um castor.”
E por aqui me fico por hoje. Palavra que não trouxe da Austrália nenhum ornitorrinco. Nem a Raquel o conseguiria fazer mesmo com um oficial de fronteira simpático…
Etiquetas: AF
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home