20.10.23

No "Correio de Lagos" de Setembro de 2023


NO JÁ REMOTO
 ano de 1981, quando eu ainda residia em Lisboa, comprei, na Várzea de Sintra, e para ocupar os meus tempos livres, um pequeno terreno baldio com um moinho do séc. XIX muito degradado, juntamente com uma ruína em pedra e uma casa pré-fabricada em madeira, também a desfazer-se. Como se compreende, tive ali muito com que me entreter, desde cortar o mato e as silvas, até reparar e restaurar o que era possível — tudo isso com a ajuda de familiares e amigos que de bom grado sempre apareciam. Curiosamente, muitas das peripécias que lá vivi dariam assunto para outras tantas crónicas, e não resisto a citar algumas, com destaque para a última que, neste momento, ainda aguarda o seu epílogo.

A PRIMEIRA, seria a propósito da ERVA espontânea (que, devidamente cortada, passa bem por relva), que seca no Verão e reverdece com as primeiras chuvas, recordando-me o que se passa nos jardins de Lagos que muitas vezes são regados desnecessariamente. 

NA SEGUNDA, divagaria acerca do FURO que mandei fazer (não havia água canalizada), e que secou ao fim de uns anos, lembrando-me o que actualmente sucede no nosso concelho, com as pessoas que acham que têm direito a toda a água que possam encontrar, sem aceitarem que ela é um recurso colectivo, que vem de montante e segue para jusante, não podendo ser propriedade exclusiva de ninguém.

NA TERCEIRA, recordaria as diversas EMPREITADAS que tive de adjudicar a profissionais (quando se tratava de trabalhos mais especializados, como canalizações e impermeabilizações), profissionais esses que a pouco e pouco foram escasseando, a ponto de actualmente não encontrar nenhum — e isso remete-me para a lei que prevê o arrendamento forçado, ignorando que não existem (pelo menos em quantidade) os profissionais necessários para recuperar as casas devolutas que, obviamente, necessitam de obras.

FINALMENTE, a história da CARTA-CARACOL, e que tem a ver com o meu vizinho do lado. Foi assim:

HÁ ALGUM tempo, um dos terrenos confinantes com o meu foi vendido, tendo o novo proprietário decidido construir nele uma casa. E isso não teria nada de extraordinário se, já depois de tudo tratado (escritura, registo, impostos, projecto aprovado, início das obras e tudo o mais), esse meu vizinho não fosse confrontado com uma acção movida por uma senhora desconhecida, alegando que o terreno lhe pertencia! — e é aí que eu entro, como testemunha arrolada por ele para declarar o que sei acerca do assunto.

E foi nesse seguimento que, em JUNHO passado, recebi uma convocatória do Tribunal de Sintra para lá comparecer no próximo dia 15 de SETEMBRO o que, para quem vive tão longe, não é inconveniente de somenos — e acresce que já tenho experiência de julgamentos adiados em cima da hora, e de outros que se prolongam por vários dias.

Decidi, então, enviar um e-mail, solicitando ser ouvido por teleconferência, e tive a grata surpresa de ser atendido nessa pretensão, através de resposta que, pela mesma via, chegou no dia seguinte. Ora esse e-mail do Tribunal de Sintra, datado de 26 de JULHO, dizia também que eu teria de me apresentar no de Lagos no dia e hora do julgamento, levando comigo a nova convocatória, uma CARTA que NESSE DIA me era enviada por CORREIO REGISTADO.

Sucedia, no entanto, que eu tinha compromissos que me levavam a ausentar-me de Lagos de 7 a 31 de AGOSTO, mas, como ainda faltava muito tempo (recordo que estávamos em 26 de JULHO), não me preocupei muito. Mas o tempo foi passando, o 7 de Agosto chegou... e que é da carta?!

Esperei, em vão, ainda mais 24 horas; depois, verificando também que o serviço SIGA não se aplicava ao meu caso, saí da cidade, pedindo a uma pessoa amiga que fosse vendo a minha caixa do correio. Pois bem, a carta lá chegou, em correio registado, mas apenas em 18 de AGOSTO, tendo sido deixado AVISO para ser levantada na estação dos CTT até ao dia 28. Obviamente, e sob pena de suscitar grande confusão aquando do julgamento, antecipei o meu regresso, para poder levantar a convocatória antes de ela ser devolvida ao Tribunal de Sintra.

E agora ficam algumas perguntas: 

Como poderei saber se a demora da carta (23 dias, para vir de Sintra a Lagos?!) foi devida aos CTT, ou se não foi enviada na data indicada pela Oficial de Justiça no e-mail que me mandou? Tenho esperança de poder obter a resposta no próprio dia do julgamento, visto que estarei em contacto directo com o Tribunal de Sintra.

APOSTILA: Por associação de ideias, não resisto a referir que o número de Julho do “Correio de Lagos”, que recebo pelo correio, estava nas bancas no dia 19 desse mês, e até ao referido dia 8 de Agosto ainda não me tinha chegado às mãos. Talvez isso ajude a decifrar o mistério. Não sei, vamos ver...

“Correio de Lagos” de Setembro de 2023

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1 Comments:

Blogger 500 said...

Já tive a oportunidade de comentar no FB.
"Isto" não está a funcionar nos conformes, em muitas áreas, como as referidas.
RC

21 de outubro de 2023 às 09:40  

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