«Ao lado da Civilização, contra a Barbárie» (*)
Lia-se no «PÚBLICO» de ontem:
Um prisioneiro iraquiano, cujos restos mortais foram fotografados junto a soldados americanos que sorriam e faziam gestos de vitória e desrespeito, na prisão de Abu Ghraib, morreu quando estava a ser interrogado pela CIA suspenso pelos seus pulsos, que por sua vez estavam atados às suas costas, segundo consta em documentos examinados pela Associated Press.
A versão completa do arrepiante texto (para o qual só encontrei ilustrações apropriadas em gravuras do Santo Ofício) está em:
http://ultimahora.publico.pt/shownews.asp?id=1216165&idCanal=15
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(*) Sábias palavras de Durão Barroso, justificando o seu apoio a Bush
6 Comments:
Curiosamente, a www.CNN.com e o www.washingtonpost.com omitiram a notícia. A Sky News, idem...
Só a encontrei referida na Al Jazeera:
http://english.aljazeera.net/NR/exeres/A7FC399F-6479-47A5-9D4B-C65D58515D8D.htm
Eis uma manifestação da civilização cristã e ocidental.
O facto, a confirmar-se por observadores isentos (a Aljazeera não merece confiança), justifica o repúdio de qualquer cidadão educado do mundo ocidental.
Mas neste lado do mundo não há apenas pessoas civilizadas. Todos os dias o planeta é invadido por cerca de 200.000 bárbaros. O trabalho necessário para os ensinar a ter maneiras e a respeitar os outros, de forma a interiorizarem que a liberdade é uma condição essencial, mas que a liberdade de cada um acaba onde começa a do vizinho, é uma tarefa de proporções gigantescas, que ocupa muito tempo e muitos recursos.
Na civilização ocidental, esta tarefa é levada a sério. Embora os resultados nem sempre sejam os melhores, com muitos dos bárbaros a não revelarem melhoras, a verdade é que a civilização ocidental se empenha bastante.
Pelo contrário, nas outras civilizações, sobretudo naquelas em que não se observa uma nítida separação entre o Governo e a Igreja, como acontece no mundo árabe, os resultados são desastrosos. A quantidade de bárbaros é desmesurada. O ressentimento, habilmente explorado e manipulado, perante a superioridade tecnológica da civilização ocidental, leva esses bárbaros a actos miseráveis como aqueles a que temos assistido nos últimos tempos, organizados pelos próprios governos e dirigentes religiosos.
Há uma diferença abissal para o que se passa na nossa civilização. Nós condenamos os nossos bárbaros. Eles vêm para rua, em gritaria histérica, idolatrar os deles.
Só não vê quem não quer.
Assinado : SOKAL
1 - A notícia foi dada pela Associated Press:
«(...)Al-Jamadi era um dos "prisioneiros secretos" da CIA em Abu Ghraib, cuja existência não era conhecida oficialmente. A sua morte foi tornada pública em Novembro de 2003, quando foram divulgadas fotografias de alguns guardas de Abu Ghraib que faziam um sinal de vitória sobre o seu cadáver, conservado em gelo. Um desses guardas era o cabo Charles Graner, que no mês passado foi condenado a dez anos de cadeia numa prisão militar.
O prisioneiro iraquiano morreu durante um interrogatório de meia hora, antes que os investigadores pudessem extrair qualquer confissão ou revelação, segundo declarações dos guardas da prisão.
O sargento norte-americano Jeffery Frost afirmou que os braços do prisioneiro estavam esticados atrás das suas costas de uma forma que nunca tinha visto antes, e que ficou surpreendido pelo facto de os seus braços não se terem deslocado das articulações.
O médico militar que examinou o cadáver e que declarou tratar-se de um homicídio, afirmou que o preso apresentava várias costelas fracturadas e que morreu devido a pressões no peito e dificuldades em respirar. Por seu lado, o médico civil Michael Baden afirmou que a posição em que estava suspenso al-Jamadi poderá ter constribuído para a sua morte. Já o médico Vincent Iacopino, dirigente da associação Médicos pelos Direitos Humanos, disse que a extensão dos braços atrás das costas é um caso de "tortura clara"».
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2 - O que está em causa, neste caso concreto, não é o facto de haver «bárbaros» de ambos os lados - ou até mais «deles» do que dos «nossos» -, mas sim o facto de os «civilizadores» estarem ao nível dos que (segundo eles) foram civilizar.
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Os (mais de 100.000) mortos civis dizem tudo - ou melhor: não "dizem"... porque já não falam!
Já o disse e repito : nenhum cidadão civilizado aprova torturas e outras condutas como a que é aqui relatada.
Mas não sejamos ingénuos ! Antes de nos deixarmos absorver pela análise exaustiva deste triste caso, numa manobra de intoxicação bem planeada, com a cumplicidade das virgens ofendidas do Ocidente, que sempre aparecem para dar uma juda, seria interessante ouvir a opinião dos cidadãos do mundo árabe acerca das execuções, com degolações bárbaras e cobardes, divulgadas em directo por essa coisa da Aljazeera.
Porque a opinião dos pseudo intelectuais de esquerda que pululam na nossa civilização (tão evoluída que todas as opiniões são permitidas e ainda bem) já é conhecida de cor e salteado : fazem de conta que não se passou nada.
É por isso que a estratégia do mundo ocidental, para defesa da nossa civilização, tem de passar por um forte investimento na investigação tecnológica que nos permita manter uma nítida superioridade militar.
Já que os cobardes dos dirigentes europeus assobiam para o lado, valha-nos a determinação dos Estados Unidos nesta luta de sobrevivência.
Assinado : SOKAL
Caro SOKAL,
Antes de mais, muito obrigado pelo seu comentário.
Embora este seja um assunto (como a religião e o futebol...) em que as pessoas não mudam de opinião por mais que discutam ou troquem opiniões civilizadamente, aqui ficam algumas palavras:
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Se a invasão do Iraque tivesse sido feita como defesa (como foi o caso do Afeganistão), tudo bem -mas sabemos todos, perfeitamente, que não foi o caso:
Bin Laden (monstro criado pela CIA e pelos S.S. paquistaneses) foi deixado sossegado, e as atenções voltaram-se para Saddam (outro velho amigo dos americanos e até... dos portugueses!).
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Quanto às consequências reais em termos de combate ao terrorismo, deixemos os entendidos falar:
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Thursday 17 February 2005:
CIA: Iraq war has fuelled terror threat.
The CIA has admitted that the conflict in Iraq has increased the threat of global terrorism by providing a cause for extremists.
In his first public appearance, CIA Director Porter Goss on Wednesday described armed groups fighting US forces in Iraq as inspired by Usama bin Ladin and intent on attacking Americans.
"The Iraq conflict, while not a cause of extremism, has become a cause for extremists," Goss said
"Those jihadists who survive will leave Iraq experienced in and focused on acts of urban terrorism. They represent a potential pool of contacts to build transnational terrorist cells, groups and networks in Saudi Arabia, Jordan and other countries," he said.
Bush pretext:
US President George Bush cited Iraqi backing for international terrorism as a reason for invading the country
His critics, however, had always maintained the invasion was a distraction from the global "war against terror" declared after the 11 September 2001 attacks on the US.
"These sentences indicate Goss is very much listening to what his analysts are saying and not necessarily to what the White House wants to hear," said Kenneth Katzman, terrorism analyst for the Congressional Research Service.
Goss also said those fighting US forces in Iraq had achieved some of their goals in the Iraqi elections by keeping Sunni Arab voter turnout low.
A long-time intelligence officer and former chairman of the House of Representatives intelligence committee, Goss took over as the head of the CIA last year.
He said US authorities and their allies had dealt "serious blows" to the al-Qaida network.
"Despite these successes, however, the terrorist threat to the US in the homeland and abroad endures," he warned.
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