Roupa
Quando se é criança, estrear um fato é uma sensação de felicidade incomparável. Até à adolescência, a roupa adquire o desenvolvimento da pessoa. Depende do que se “queira ser quando se for grande”. Hoje, muitos jovens não sabem o que vão fazer da sua vida. Mas sabem muito bem como se querem vestir.
Na juventude, experimentam-se personagens e respectivas farpelas. Até que passados os 40, vestimo-nos como nos sentimos por dentro, cada roupa mais igual à anterior, quer na forma, quer na cor.
A projecção do futuro fica nas décadas anteriores. Tirando os casos patéticos de quem quer parecer o que não é, a roupa é secundária. É o ponto sem regresso do conforto, da qualidade, das medidas folgadas.
A partir daqui custa vestir roupa nova. A ponto de preferirmos a roupa velha e arranjarmos quem nos gaste as gomas da cambraia egípcia das camisas, do linho irlandês ou da flanela escocesa dos fatos moles e confortáveis. Tal como os fornos dos cachimbos. Alguém que os queime antes de nós os gozarmos. Os anos deixados para trás recusam o sacrifício dos novos projectos. Concedem-nos a felicidade de desfrutarmos as pequenas coisas do dia a dia
Na juventude, experimentam-se personagens e respectivas farpelas. Até que passados os 40, vestimo-nos como nos sentimos por dentro, cada roupa mais igual à anterior, quer na forma, quer na cor.
A projecção do futuro fica nas décadas anteriores. Tirando os casos patéticos de quem quer parecer o que não é, a roupa é secundária. É o ponto sem regresso do conforto, da qualidade, das medidas folgadas.
A partir daqui custa vestir roupa nova. A ponto de preferirmos a roupa velha e arranjarmos quem nos gaste as gomas da cambraia egípcia das camisas, do linho irlandês ou da flanela escocesa dos fatos moles e confortáveis. Tal como os fornos dos cachimbos. Alguém que os queime antes de nós os gozarmos. Os anos deixados para trás recusam o sacrifício dos novos projectos. Concedem-nos a felicidade de desfrutarmos as pequenas coisas do dia a dia
Etiquetas: JL
1 Comments:
E assim nos voltamos para uma espécie de «Paraíso perdido», onde tudo o que um dia conhecemos nos parece melhor do que aquilo que alcançamos no presente, mesmo quando a realidade ofensivamente nos desmente.
Porque será este sentimento tão vulgar depois dos 40 e ainda mais acentuado, depois dos 50 ?
Aquilo que nos desagradou no passado, a nossa aliada memória já no-lo esqueceu, ao mesmo tempo que a nossa apurada consciência nos aumentou a sensibilidade e também a severidade para condenar aquilo que o destrambelhado Progresso nos pretende oferecer como tal.
Eis uma possível interpretação, claramente não-cientifíca, de tão magno problema.
Bom resto de fim-de-semana e votos de animoso regresso à faina quotidiana, a bem do Progresso, da Produtividade, da Convergência do Défice e de outras não menores questões que aquela acima, sofrivelmente dirimida.
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