Amigos, amigos... umbigos, umbigos
NOS tempos de Santana Lopes, fartámo-nos de apanhar (e às vezes até em directo na TV!) com gente a queixar-se de «velhas amizades traídas»...
AGORA, é Helena Roseta que vem a público acusar Mário Soares de ter atraiçoado o velho amigo Manuel Alegre.
Pois é... Os políticos, ou ajudam demais os amigos (e «Aqui d' El Rei!»), ou dão-lhes facadas nas costas (e «D' El Rei aqui!»).
Pois é... Os políticos, ou ajudam demais os amigos (e «Aqui d' El Rei!»), ou dão-lhes facadas nas costas (e «D' El Rei aqui!»).
Ó Helena Roseta, então na sua idade ainda não sabe que «amigos, amigos... negócios à parte?». Claro que sabe.
Por mim, posso adiantar-lhe que, em mais de três décadas de vida profissional, tive muitas e grandes chatices - a maior parte precisamente com amigos. Mas isso era durante o serviço - e por causa dele. Cá fora, tudo se passava de forma diferente.
Dirá que «não é possível nem correcto separar a amizade da vida profissional».
Pode ser triste. Mas olhe que, quando está em causa o interesse nacional, não só pode como, se calhar, deve.
Pode ser triste. Mas olhe que, quando está em causa o interesse nacional, não só pode como, se calhar, deve.
De qualquer forma, se quer desabafar por causa de relacionamentos (e ressentimentos) privados, é lá consigo - mas faça-o antes em privado, se puder, e poupe-nos.
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Curiosidade: Na batalha de Aljubarrota, Nun' Álvares Pereira teve de combater um dos seus irmãos. Pouco antes de o combate começar, avançaram para a terra-de-ninguém, conversaram amigavelmente e cada um tentou convencer o outro. Mas, minutos depois (e como não chegaram a acordo), a amizade passou para segundo plano, e o irmão do Condestável acabou por ser morto. E só não o foi por este... porque não calhou!
10 Comments:
Claro que ao vir para a praça-pública acusar Soares de «atraiçoar um amigo», a mensagem que H. Roseta quer deixar passar é que ele não é de fiar.
Bem... se queria dizer que «Soares diz uma coisa hoje e o oposto amanhã», não precisava de gastar papel de jornal, porque a gente sabe do que a casa gasta.
Basta ler o que M.S. dizia há poucas semanas.
Se os amigos de Alegre são todos como o Carrilho e a Roseta, ele bem pode chorar!
Um, é o pavão que se sabe.
A outra, é uma ex-PSD (com tiques de MRPP), falando pelos cotovelos e irritante de ouvir.
É uma convencida e chata como tudo!
C.E.
Pois, mas a comparação a propósito da batalha de Aljubarrota tem uma falha:
Para ser válida, Soares devia ter falado antes com Alegre, como fez Nun'Álvares com o irmão.
Mas concordo que hoje em dia a política é mesmo assim:
Sacanice + cinismo, e toca a andar!
Caro "Anónimo",
Tem alguma razão.
Mas note-se que não foi o Condestável que andou depois a queixar-se publicamente da «traição» do irmão.
A cena veio a ser divulgada pelo cronista Ayala, que assistiu à conversa (habitual antes das batalhas).
(Curiosamente, Ayala acabou por ser prisioneiro de guerra!)
Aliás, neste caso, nem se pode falar de traição.
Esse irmão de Nun'Álvares estava apenas do lado da legalidade da época:
Defendia a D. Beatriz, filha de D. Fernando de Portugal e casada com D. João I de Castela.
Ela é que era a legítima herdeira do trono segundo as regras da altura.
E.R.R.
Caro Carlos
Você diz que teve chatices, no(s) seu(s) emprego(s) com amigos.
Mas isso é normal, e sucede com todos. A questão é se esses amigos também alguma vez o "traíram" e "sacanearam".
F. Faria
Caro Faria,
Poupe-me! A resposta à sua pergunta é fácil de presumir...
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Mas, já agora, deixe-me dizer-lhe que o problema é, precisamente, a definição de "AMIGO".
Nós passamos a vida a falar de amigos - o fulano com quem nos cruzamos todos os dias, o vizinho do lado, o colega de emprego... a todos nos referimos como sendo "amigos".
Mas aqui fica uma definição melhor e que dá que pensar:
«Um verdadeiro amigo não é o que se entristece com as nossas tristezas, mas sim o que é capaz de se alegrar com as nossas alegrias».
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Toda a gente é capaz de dizer:
«Que maçada! Fulano tem uma doença grave...»
Mas poucos são capazes de dizer:
«Lembras-te que Cicrano queria tanto aquele trabalho? Pois conseguiu-o, e estou mesmo muito contente por ele!»
Hoje, a Clara Ferreira Alves, na ÚNICA, faz também (a propósito do mesmo assunto Soares / Alegre) um grande arrazoado moral sobre as virtudes da amizade. É outra que ainda não percebeu que «quando a política entra em conflito com a amizade, ganha a primeira».
Hoje e sempre, minha rica senhora.
Hoje e sempre, goste-se ou não!
A resposta à C. F. Alves tem a ver com a definição de "verdadeiro amigo".
Soares e Alegre são, possivelmente, apenas compinchas, velhos conhecidos, companheiros de partido e até talvez tenham sido (até agora...) parceiros da sueca.
Evidentemente, «verdadeiros amigos» não parece que sejam nem tenham sido: Soares devia ao menos ter avisado o outro.
Mas o que é que se esperava dele?
Já se esqueceram que o anti-americano de hoje foi o grande amigo da CIA, do Carlluci e do Kissinger quando estes andavam com o Pinochet ao colo?
Já se esqueceram de que ele foi grande amigo (e importante apoio) do Savimbi, mortífera criação dos colonialistas e da CIA?
Já se esqueceram que ele chegou a aceitar a possibilidade de Portugal ser invadido (por ingleses!)para combater o gonçalvismo?
Os jornais têm referido (negativamente, é claro) que Vara foi para a CGD por ser "amigo" de Sócrates.
Vá lá a gente entender o povo:
Sócrates, é criticado por ajudar um amigo; Soares, é-o por "desajudar" outro!
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