Uma Campanha Alegre?
NA SEMANA passada, um semanário publicava uma saborosa colecção de frases de Mário Soares em que ele garantia que estava afastado definitivamente da política, criticava Sócrates, etc. etc.
Muitas delas, de tão recentes, ainda não constam de uma compilação (gigantesca!) que em tempos li sobre declarações (e des-declarações...) de políticos - todas do género da famosa «Nem que Cristo desça à Terra eu serei Presidente do PSD!» (que Marcelo pronunciou pouco antes de o ser); já lá constava a rábula do IVA de Durão Barroso, mas ainda não o plágio de Sócrates.
Ora o que irrita profundamente nesse género de coisas é a naturalidade com que se dizem e fazem, como se o país fosse povoado por uma carterva de atrasados-mentais sem memória.
Ainda há pouco tempo um candidato do CDS/PP, na Madeira, acusou o Governo de Jardim de corrupção, e quando este ameaçou processá-lo Paulo Portas veio a público defender o cavalheiro com estas sábias palavras:
«Ora, ora! Nas campanhas eleitorais diz-se muita coisa que não é para levar a sério!».
E o pior é que tem toda a razão, estando até a frase a transformar-se numa outra:
«Ora, ora! Nas campanhas eleitorais há muita gente que não é para levar a sério!».
Muitas delas, de tão recentes, ainda não constam de uma compilação (gigantesca!) que em tempos li sobre declarações (e des-declarações...) de políticos - todas do género da famosa «Nem que Cristo desça à Terra eu serei Presidente do PSD!» (que Marcelo pronunciou pouco antes de o ser); já lá constava a rábula do IVA de Durão Barroso, mas ainda não o plágio de Sócrates.
Ora o que irrita profundamente nesse género de coisas é a naturalidade com que se dizem e fazem, como se o país fosse povoado por uma carterva de atrasados-mentais sem memória.
Ainda há pouco tempo um candidato do CDS/PP, na Madeira, acusou o Governo de Jardim de corrupção, e quando este ameaçou processá-lo Paulo Portas veio a público defender o cavalheiro com estas sábias palavras:
«Ora, ora! Nas campanhas eleitorais diz-se muita coisa que não é para levar a sério!».
E o pior é que tem toda a razão, estando até a frase a transformar-se numa outra:
«Ora, ora! Nas campanhas eleitorais há muita gente que não é para levar a sério!».
VEM isto tudo a propósito da recente «desfeita» que fizeram ao Manuel Alegre.
Que diabo, homem! A sua reacção («Estou cercado! Estou no meu quadrado! Um homem morre mas não se rende!», etc., etc), que li no «Expresso», poderia ficar muito bem na «Praça da Canção», há 40 anos.
Mas, francamente!, no Portugal (e, especialmente, com a gente) de hoje...?
8 Comments:
O M. Alegre tem uma coerência e uma estatura moral completamente desadequada para o que é a política e os políticos de hoje na zona do "centrão" a que o PS pertence "por direito" (e "por direita").
Como é que ele poderia esperar ter o apoio sério dos troca-tintas que dominam o partido?
Se acreditou nisso, foi de tal modo ingénuo que quase não tenho pena dele. Será que ainda acredita no Pai Natal?
C.E.
O artigo no Expresso é de facto patético.Chega a fazer pena.
O Manuel Alegre ainda não percebeu em que partido está metido?
Já se esqueceu que o Sócrates até veio da JSD?
No aspecto do «dizer uma coisa e fazer o seu contrário», com Soares estamos melhor do q com Sócrates.
É q este prometeu uma coisa e fez o oposto DEPOIS de eleito, enquanto Soares diz uma coisa e faz o oposto ANTES da votação.
Ou seja, Soares pode portar-se também como um troca-tintas, mas fá-lo às claras e sem complexos.
E todos já nos tornámos um povo de cínicos q acha q isso é natural.
Mas com o meu voto não contem.
A.Gorjão
Ó Manuel Alegre, você foi levado ao colo e atirado fora quando apareceu peixe graúdo.
Passaram-lhe-a-perna (o que é que esperava daquela tropa?), e agora está a regir da pior maneira, que é como os maridos enganados!
Siga o meu conselho:
Aproveite a onda de simpatia que a sacanice dos outros lhe grangeou, mande esses seus "camaradas" à m****, e saia DEPRESSA da corrida, enquanto o pode fazer por cima.
E, por favor, não assuma a posição de "coitadinho", que o povão compreende mas não aprecia.
E.R.R.
Concordo plenamente com o que dizem sobre Manuel Alegre. Eu vejo-o tipo uma ilha no meio destes tipos. Parou no 25 de Abril. Tempo de ideologias. Preferindo continuar a lutar pela liberdade tal como ele a conhece.
bem, quanto a políticos e politica em geral, para mim, político é sinónimo de mentiroso. Julgo que há já muito tempo que cheguei a essa conclusão. Só mesmo nos dicionários é que esse sinónimo ainda não consta, porque no dia a dia, já toda a gente se habituou a classificá-los como tal. O facto é que toda a sociedade, todo o sistema, gira à volta desses mentirosos. Ou seja, o poder socio- económico está na mão dos aldrabões, corruptos, sem vergonha, desonestos, criminosos.... e alguns de nós, minimamente esclarecidos, sabemos disso, mas continuamos a acordar todos os dias com um sorriso, porque temos a nossa consciencia tranquila, já percebemos que a luta está perdida à partida, no entanto sem nos armarmos em coitadinhos, lá vamos continuando a denunciar, (mais por hábito, do que por convicção de que as coisas vão mudar...), no caso do Alegre, o homem é um poeta... o que é que se lhe há-de fazer. Explicar-lhe que em política não há lugar para liricos??
lily of the valley
Eu não acho que político seja sinónimo de mentiroso - há de tudo, como na botica.
Simplesmente, numa sociedade mediatizada como a nossa, em que o que aparece nos media é aceite como verdade (embora seja mentira), os aldrabões ganham avanço facilmente.
(Veja-se a espantosa afirmação de Santana: «Nunca leio desmentidos» - ou seja: aceita as mentiras mas não a sua desmontagem!)
Alguma vez Sócrates e Barroso chegariam ao poder se dissem antes que iam fazer o que fizeram (e estão a fazer)?
anonymous disse "Alguma vez Sócrates e Barroso chegariam ao poder se dissem antes que iam fazer o que fizeram (e estão a fazer)?"
E eu digo, "demagogia, feita à maneira, é como queijo na ratoeira".....
lily of the valley
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