6.9.05

Carrilho e os carros

PERTO da minha casa, numa zona onde os passeios estão completamente ocupados por carros perante o mais completo desinteresse das autoridades, existe uma associação de apoio a cegos. Ora eu posso garantir que, se há cena angustiante, é vê-los a tactear, procurando desesperadamente caminho no meio daquela selva de chapa.

Em tempos, um deles, furioso, desatou a espancar com a sua frágil bengala de alumínio os obstáculos, mas nada mais conseguiu do que entortá-la, perante o riso alarve da maioria dos presentes.

É, pois, sempre com atenção que oiço Carrilho a falar insistentemente sobre o assunto, já depois de Carmona Rodrigues ter reconhecido que nada podia fazer por (pasme-se!) haver autoridades a mais - descoordenadas, entenda-se.

O que sucede é o seguinte:

A EMEL não está autorizada a reprimir o estacionamento ilegal fora das suas áreas.

A Polícia Municipal parece ter mais que fazer, pois quase só é vista a fiscalizar obras e a perseguir vendedores ambulantes - o que, evidentemente, também tem de ser feito.

Sobra a Divisão de Trânsito da PSP, mas que depende do Governo e não do Presidente da Câmara.

Será que António Costa (pois é ele quem está em causa) não pode "dar uma mãozinha" a Carrilho - já não digo resolvendo o problema, mas pelo menos explicando porque é que o não faz e nem sequer fala disso?

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Meu caro,

O problema é que os políticos funcionam na base dos votos e sabem que, por cada cego desses que refere, há 10 pessoas que põem os carros em cima dos passeios.
E só não os põem se estiverem cheios, fazendo-o assim que houver uma vaga.

Além do mais, eles têm os seus motoristas, e esses problemas passam-lhe a léguas de distância.

Duarte

6 de setembro de 2005 às 15:17  
Anonymous Anónimo said...

A maioria dessas pessoas (especialmente autarcas) só muito remotamente se preocupa com os eleitores.
Deixam essa "chatice" para os meses que antecedem as eleições, e já é muito.

Fora disso, a preocupação da maioria é manter-se no poder.
Para os mais honestos, é apenas "o poder pelo poder". Para outros, como se sabe, trata-se de ganhar mais qualquer coisinha.

Só quando não têm mais nada que fazer é que, para se entreterem, se preocupam com os problemas do vulgo. Mas por pouco tempo, e sempre a pensar na vidinha.

O meu voto já não levam de há algum tempo a esta parte.

6 de setembro de 2005 às 18:16  
Anonymous Anónimo said...

As muitas dezenas de milhões de euros correspondentes a multas que prescreveram recentemente também explicam alguma coisa. Tenho falado com polícias que se queixam que multam, mas que se as pessoas não pagam não lhes acontece nada.

Estive em Macau, e lá as multas que não eram pagas logo iam para os postos de IPO, de onde os carros já não saíam sem as terem regularizado.

O processo de passagem de multas na rua tb é caricato.
Em Lisboa, tenho observado polícias que demoram 15 minutos (e mais) a passá-las à mão.

6 de setembro de 2005 às 21:23  

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