11.10.05

«Em bloc» (como diria Ramalho Eanes...)

O PROBLEMA é recorrente:

O aparecimento de novos termos técnicos (nomeadamente anglo-saxónicos) dá-se a um ritmo tal, que a possível tradução dificilmente chega a ser feita antes de a palavra original se impor pelo uso.

Claro que se deve procurar os equivalentes em cada língua - para quê falar em printer se temos a palavra impressora, ou computer quando temos computador?

Mas o certo é que, às vezes, não há outro remédio senão adoptar a palavra original, como software, e-mail, etc

Os franceses é que não vão nisso!

O e-mail já levou os nomes de mél (abrev. de méssagerie éléctronique) e couriel (de courier éléctronique); byte, para eles, é octet, software é logiciel, e agora querem que se rejeite a palavra blog (ou blogue), substituindo-a por bloc!

Saberão eles que, quando surgiu o futebol, houve quem, em Portugal, quisesse traduzir a palavra por petibola?

Vá lá, que ainda ninguém se lembrou de traduzir Internet por Inter-rede nem Homepage por Página-da-casa...

Imagem: www.amazon.fr/exec/%20obidos/ASIN/2035054583

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Creio que o vernacular pretendido para futebol seria "pedibola". Essa febre manifestou-se nos anos 30, se não estou em erro. Entre os nossos vizinhos peninsulares é que as traduções do género tiveram sucesso, como "balonpié" (que figura na designação completa do Bétis de Sevilha) e "baloncesto".

11 de outubro de 2005 às 17:19  
Anonymous Anónimo said...

Penso que sempre que possivel se deve utilizar o Português

11 de outubro de 2005 às 17:42  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

«...sempre que possivel se deve utilizar o Português»

Claro!
Não será aceitável escrever "paper" em vez de "papel" nem "mouse" em vez de "rato".

No entanto, há palavras que passam de umas línguas para as outras e não morre ninguém por isso:
WC, OK, KO, e-book, bit, byte, etc.

Outras, ainda, são simplesmente adaptadas sem complexos:
Bidé, sutiã, écrã, dossiê, divã, vitrine...

11 de outubro de 2005 às 18:05  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Leonardo,

Certo. Obrigado pela correcção!

11 de outubro de 2005 às 18:06  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Na realidade, a língua portuguesa sempre incorporou palavras de outras, e sem grandes dramas:

Além do latim (a língua-mãe), tem inúmeras palavras que vieram do grego, do árabe...

--
Mas também temos parvoíces deliciosas, como o caso dos carros de instrução:

Onde dantes constava a palavra «INSTRUÇÃO», agora está um "L" - suponho que seja de «LEARN» ou de «LEARNING»!!

11 de outubro de 2005 às 19:37  
Anonymous Anónimo said...

o L também pode ser de "L abrego" a conduzir!

11 de outubro de 2005 às 21:28  
Blogger SDF said...

Só para deixar a pedrada no charco:

Eu cá, como de nacionalista não tenho nada e sempre achei as fronteiras, as línguas e tudo o mais que sirva para dividir e separar agrupamentos humanos, um desperdício de tudo, para não dizer uma valente parvoeira, acho que se devia era optar por uma língua única, universal.

Qual? Tanto me faz. Mas que servisse de veículo unificador e não o inverso.

E pronto, venham agora daí os velhos do restelo cheios de patriotismo "dar-me na carola" à boa maneira Portuguesa. Eu já estou habituada e tenho as costas largas! ;-D

11 de outubro de 2005 às 21:42  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Sandra,

As línguas-quase-universais vão aparecendo e desaparecendo ao longo da História.
Têm a ver com os impérios, as invasões, etc

Nós apanhámos com o Latim, a língua universal da época.
Mais tarde, com Napoleão, veio o francês.

Entretanto, já se tinha tentado (e ainda hoje se pode aprender) o Esperanto (uma língua artificial universal).

Mas, pela sua simplicidade, o inglês é a actual língua universal.

11 de outubro de 2005 às 22:12  

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