7.10.05

À luz de Einstein

ABRIU esta segunda-feira em Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian uma exposição sobre a física contemporânea. Na sala de mostras temporárias da Avenida de Berna, em vez de pinturas, esculturas ou outras obras de arte, encontram-se agora aparatos científicos e cenários alusivos a algumas das descobertas mais importantes da ciência.

A Gulbenkian decidiu associar-se desta forma às actividades deste Ano Internacional da Física, que comemora o centésimo aniversário do ano miraculoso de Albert Einstein. De facto, foi há precisamente cem anos que o grande cientista, num jorro de espantosa criatividade, produziu cinco trabalhos que abriram as portas da física moderna. Einstein descobriu então uma maneira de observar indirectamente os átomos e moléculas, mostrou a natureza quântica da luz e criou a relatividade restrita.

A exposição da Gulbenkian mostra muitas das aplicações práticas das descobertas do grande físico, tornando claro que as pesquisas mais teóricas podem ter as mais inesperadas aplicações práticas. Quem diria que o telemóvel deve algo aos trabalhos de Einstein? Quem diria que os leitores de CD usam uma descoberta teórica do grande físico? Quem iria imaginar que a precisão dos aparelhos GPS não seria possível sem conhecer a relatividade?

Sugestivamente, a exposição intitula-se «À Luz de Einstein». A acompanhá-la há um ciclo de colóquios que se iniciou ontem, quinta, com um debate no Auditório 2 da Fundação. O próximo terá lugar quarta 12 às 18h. Mas se resolver passar neste fim de tarde de sexta pela Gulbenkian, depois da visita pode dar um salto ao Saldanha, onde na Livraria Almedina do Atrium decorre às 19h um debate com dois dos maiores especialistas portugueses em sismologia. Nas vésperas dos 250 anos sobre 1755, a conversa é sugestivamente intitulada «Para Quando o Próximo Terramoto?»

Neste Ano Internacional da Física, a cultura científica está em todo o lado. Esperemos que seja sempre assim.

(Adapt. do Expresso-online)