4.11.05

Ainda a página do Ministério da Justiça

A JUSTIFICAÇÃO mais simplista para a história aqui referida (a contratação, por 3254 €/mês, de uma assessora para a página Web do Ministério da Justiça) pode muito bem ter a ver com o facto de, por esses lados, a informática ainda ser um bicho de sete cabeças - o que, como se sabe ou imagina, não deve andar muito longe da verdade.

De qualquer forma, aqui fica uma história 100% verídica (a que eu assisti):

Uma empresa portuguesa muito conhecida (do ramo electrotécnico...), assim que recebeu a Certificação de Qualidade 9001 pretendeu (e muito bem) meter no rodapé dos faxes a imagem que aqui se vê:

Para o efeito, consultaram o Chefe dos Serviços de Informática lá da casa que sentenciou: «Humm... Isso vai ser um trabalho MUITO complicado!»

E esclareceu ainda que era coisa para demorar três semanas, pois o logótipo tinha de ser desenhado bit-a-bit.

Pois o mais engraçado é que toda a hierarquia acreditou no homem. E deram-lhe então três semanas para fazer o boneco do "Q".

O que estragou tudo foi um ingénuo engenheiro que ouviu falar disso e, julgando estar a ser muito prestável, foi à página do IPQ (o que fez às escondidas porque, na altura, o uso de Internet era proibido na empresa !!!) e copiou a famigerada imagem GIF em menos de dois segundos...
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NOTA: Essa rábula inspirou a história do Alarcão d' Albuquerque, por alcunha "o komplykador", que figura no início do livro «Operação JEREMIAS». O capítulo respectivo está em «Comentário-1», mas o livro pode ser lido em www.jeremias.com.pt

8 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

— Estás a gostar da amostra? Agora vais conhecer o Alarcão… O mui-nobre e famoso Alarcão d’ Albuquerque, por alcunha "o complicador".
*
Não foi fácil esse encontro nem essa apresentação.
Tratava-se de uma estranha e altiva personagem que, só por si, levaria vários capítulos a descrever.
Dado ter sido o único, na empresa, a gabar-se de folhear o suplemento de informática d’ «O Público» e o primeiro a jogar o Pac-Man num Spectrum, ganhara fama de ser perito em informática.
E, como tal, fora justa e naturalmente promovido a Chefe dos respectivos Serviços.
— Não gosto nada do nome serviços… Eu não estou aqui para servir ninguém – costumava ele desabafar, de certo pensando na sua origem fidalga.
Mas também ninguém discutia com ele.
Alguns tinham-lhe tentado pôr a alcunha de Doctor No, como homenagem ao facto de ele dizer a tudo que não e invariavelmente declarar que era impossível fazer o que lhe pedissem:
— Faltam layers de software, Senhor Director! Isso só se resolve com bytes de nove bits a 500 giga-hertz – e mesmo assim terá que se adquirir uma linha RDIS de 2 Megavolts de potência unitária deslizante…

Era este o tipo de explicações que ele dava para mostrar que não era possível fazer um simples mapa de preços em computador.
E, no caso deste exemplo, a justificação, depois de passada a escrito e analisada cuidadosamente pela hierarquia, fora despachada assim:
«Tendo em conta que os preços dos equipamentos informáticos têm vindo a baixar constantemente, a Makro-
-Teknika deverá aguardar até que os bytes de 9 bits sejam mais acessíveis. Será nomeada uma Comissão de Acompanhamento para estudar o assunto, tanto na vertente económica como na tecnológica. O aspecto humano também não será descurado ».
E esclarecia, em nota de rodapé, referindo-se à famosa Lei de Moore :
«Consequência da chamada Lei de More que, como o próprio nome indica, é a lei de cada vez mais»
*
Mas adiante.
Jeremias, que tinha a mania que a informática, pelo menos para o utilizador final, devia poder ser simples («Tal como não deve ser preciso saber Química para tirar fotografias» – dizia ele…) veio a ter frequentes discussões com o Alarcão.
Ficou para a história da Makro-Teknika a seguinte cena, a que assistiram várias pessoas:

— Ó Alarcão, você tem aí o número de telefone do Manel?
Confrontado com esta simples pergunta dum colega mais incauto, o Alarcão, em vez de olhar para o papel na parede onde estava escarrapachada a resposta…
… ligou o computador…
… arrancou o Windows 95…
e clicou em Start - Find - Files or Folders - Advanced.
Depois, escreveu “Manel” na janela que dizia Containing Text e deu um toque final em Find Now com o ar satisfeito do compositor que coloca a última nota numa partitura cujo sucesso tem por garantido.
Mas não viu nada!
Lembrou-se, depois, que talvez estivesse em “Manuel” (quem diria!) e lá encontrou, ao fim de alguns minutos, resmas de ficheiros onde apareceria a palavra. Num deles lá estava o tão procurado número, que exibiu, triunfante, como um troféu de caça!
Bem… a acreditar no Jeremias, parece que a coisa ainda foi um pouco mais complicada do que isso:
Pelo meio ainda teve que se haver com uns ficheiros chamados Phone_List.doc (protegidos com passwords de que já se tinha esquecido) e programas shareware (que foi nessa altura buscar à Internet) que se destinavam a recuperá-las…
Por fim, para cúmulo, virou-se para o papel afixado na parede, procurou com o dedo o número do Manel e, espreguiçando-se, comentou laconicamente mas com toda a seriedade:
— Confere!
Mas falta ainda contar a melhor:
O Alarcão, que tinha muito orgulho no seu nome, sofria muito!
É que as pessoas costumavam tratá-lo por Alarcão de Albuquerque.
E ele não percebia porque é que a malta se fartava de rir quando ele corrigia, com o seu ar bonacheirão e recostando-se na cadeira:
«D’Albuquerque, com plica… D’Albuquerque sempre com plica!»

4 de novembro de 2005 às 13:15  
Blogger Pedro Lobo said...

Sr Engenheiro, diga-me lá como posso apoiar a nossa candidata. É que estou aqui mortinho por dar a minha contribuição na questão da recolha de assinaturas e ninguém me liga!
Um abraço.

4 de novembro de 2005 às 13:15  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro Pedro Lobo,

A página é:

http://www.manuelamagno.com.pt/

4 de novembro de 2005 às 13:23  
Anonymous Anónimo said...

Ó CMR, desculpe lá uma pergunta:

Mas por acaso o ingénuo que estragou as 3 semanas de descanso do Chefe da Informática... não foi o meu caro amigo?

:)

4 de novembro de 2005 às 13:37  
Anonymous Anónimo said...

Hilariante (a história contada, não a contratação dessa assessora)!!!

4 de novembro de 2005 às 14:11  
Anonymous Anónimo said...

Este tópico complica-me com meu sistema nervoso, eu até sei onde foi isto... o chefe da informática já está no bem bom(Reforma)o emblema da certificação cheira-me a alguns scan´s que eu tirei, depois ainda há o simbolo do IAPMEI que ora se tirava ora se colocava, nos tempos de hoje para não haver erros ninguém já coloca nada no fundo da página, resta-nos a bandeira á porta de entrada do edificio amarela, para a qual o chefe da qualidade numa sala de espera para a reforma, olha.

4 de novembro de 2005 às 14:14  
Anonymous Anónimo said...

Saborosa história, esta que tem como actor principal o Albuquerque com plica! :)

Ainda quanto à remuneração da acessora em causa:

Que critério presidiu à determinação das remunerações de todos os acessores para as páginas Web do Estado (autarquias incluídas, claro)?

Só o Ministério das Finanças tem estas páginas (ou mais):
Home Page: http://www.min-financas.pt/sgmf

Home Page: http://www.dgep.pt

Home Page: http://www.dgo.pt

Declarações Electrónicas: http://www.e-financas.gov.pt

Home Page: http://www.dgaiec.min-financas.pt

Home Page: http://www.min-financas.pt

Home Page: http://www.dgt.pt

Home Page: http://www.dgpatr.pt

Home Page: http://www.dgap.gov.pt

Home Page: http://www.adse.min-financas.pt

Home Page: http://www.igf.min-financas.pt

Home Page: http://www.igap.pt

Vai ser feito algum nivelamento, quando há uma acessora que ganha um balúrdio? Nivelamento por baixo ou por cima?
Fica aqui a pergunta.

4 de novembro de 2005 às 17:13  
Blogger Pedro Lobo said...

Obrigado. Amanhã lá nos vemos em Tires!

4 de novembro de 2005 às 17:32  

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