Paris e o barril-de-pólvora
NEM toda a gente que vive em Paris e arredores tem da cidade uma visão tão bonita como a que aqui se vê - e os actuais acontecimentos que lá se vivem são um caso muito sério, a acompanhar com a maior atenção.
Aqui ficam, para já, duas visões do problema:
Uma, de Clara Ferreira Alves, intitulada «Paris já está a arder» (que pode ser lida em
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=2&id_news=199915 ) e
outra, de Pacheco Pereira, que está em «Comentário-1».
Em «Comentário-2» está ainda uma notícia do «Público» de hoje.
Aqui ficam, para já, duas visões do problema:
Uma, de Clara Ferreira Alves, intitulada «Paris já está a arder» (que pode ser lida em
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=2&id_news=199915 ) e
outra, de Pacheco Pereira, que está em «Comentário-1».
Em «Comentário-2» está ainda uma notícia do «Público» de hoje.
6 Comments:
Texto de JPP no blogue ABRUPTO:
Basta haver um ar de revolta social contra o “sistema”, um ar de “multiculturalismo” revolucionário dos “deserdados da terra” contra os ricos (os que tem carro, os pequenos lojistas, os stands de automóveis, os pequenos comércios), para a velha complacência face à violência vir ao de cima. Fossem neo-nazis os autores dos tumultos e a pátria e a civilização ficavam em perigo, mas como são jovens muçulmanos da banlieu, já podem partir tudo. Não são vândalos, são “jovens" reagindo à “violência policial”, são “vítimas” do desemprego e do racismo dos franceses, justificados na sua "revolta", e têm que ser tratados com luvas verbais e delicadeza politicamente correcta. Os maus são as forças da ordem, os governantes, os polícias, os bombeiros e todos os que mostram uma curiosidade indevida pelos seus bairros de território libertado.
No fundo, não é novidade nenhuma. Há muitos anos que é assim, que estas questões são tratadas com imensa vénia, não vá os “jovens” zangarem-se e vingarem-se. A culpa é nossa, não é?
PUBLICO online:
O Governo francês disse hoje estar determinado em restabelecer a ordem nos arredores de Paris. O primeiro-ministro Dominique de Villepin garantiu que “o Estado republicano não vai ceder” e que “a ordem e a justiça terão a última palavra”, numa altura em que os arredores de Paris são palco de violências há já uma semana.
“Face aos acontecimentos dos últimos dias, o regresso à calma e o restabelecimento da ordem pública são a prioridade, a nossa prioridade absoluta”, declarou Villepin na Assembleia nacional.
“Viaturas incendiadas, uma escola destruída, um posto de polícia queimado, isto foi o que se passou na noite passada (...). Tudo isso é inaceitável”, denunciou.
“´Vamos aplicar a Lei para que a polícia seja bem vinda em todo o território da República francesa”, acrescentou o ministro do Interior Nicolas Sarkozy, acusado de ter agravado a situação ao falar da “ralé” dos subúrbios, a zona mais pobre de Paris. O ministro anunciou que 143 pessoas foram detidas numa semana de violências.
A violência nos subúrbios de Paris começou com a morte, por electrocussão, de dois adolescentes que fugiam à polícia. A Justiça decidiu abrir um inquérito por “não assistência a pessoas em perigo”.
Sucessivos governos deixaram que se formassem 750 zonas urbanas “sensíveis” em França, onde jovens franceses de origem imigrante são excluídos do mercado de trabalho e consideram como “inimigos” tudo o que é exterior ao seu bairro, como a polícia, bombeiros e serviços estatais.
Ontem à noite, grupos de jovens envolveram-se em confrontos com a polícia nos arredores de Paris, pela sétima noite consecutiva, chegando a atacar uma esquadra policial e a incendiar uma garagem e um ginásio, para além de terem vandalizado parte de um centro comercial.
Menos de um quarto dos franceses (24 por cento) confiam em Jacques Chirac “para resolver os problemas que se colocam à França”, segundo uma sondagem da TNS-Sofres publicada hoje.
Setenta e quatro por cento não têm essa confiança, segundo o inquérito realizado para a “Fígaro Magazine” a 26 e 27 de Outubro, pouco antes do eclodir da violência nos arredores de Paris.
Hoje em França; amanhã ninguém
poderá garantir que não aconteça
às portas de lisboa.
Tal como na recente catástrofe
dos incêndios, teremos de lançar
um SOS aos nossos parceiros
europeus, dada a nossa atávica
impreparação para quase tudo?
Que efeito terá a debandada de milhares de agentes da PSP, que
desejam a antecipação da reforma
para não perderem direitos?
Peço perdão. Já me estava a
esquecer da milagrosa solução
do "diálogo".
Quem tem um Mário Soares, tem
tudo e, com ele, poderemos,
sempre, dormir descansados.
o que se passa em frança tem mais a ver com a uma crise de autoridade do estado do que com as idiotices que a clara ferreira alver escreveu e repetiu hoje na TSF.
conheço bastante bem a realidade do quotidiano francês e sei que essas áreas há muito que foram dadas por perdidas pelas autoridades. SÃO VERDADEIRAS ZONAS DE NÃO-DIREITO, controladas por gangs de criminosos.
em nome de uma hipócrita tolerância anti-racista, as autoridades locais foram fechando os olhos.
PIOR, chegaram a convidar membros dos gangs para participar nos conselhos municipais em nome da comunidade, sem que estes tivessem qualquer legitimidade democrática para isso.
as centenas de carros que até agora já arderam pertencem sobretudo à população desses bairros, pessoas honestas que vivem do seu trabalho, pagam os seus impostos mas não têm direito à protecção do estado.tudo em nome do todos diferentes todos iguais, porque na verdade é muito mais fácil fechar os olhos, ENQUANTO A INSTABILIDADE ESTIVER ABAIXO DE UM CERTO NÍVEL E CIRCUNSCRITA A UMA CERTA ÁREA.
concluindo, era uma bomba relógio à espera de rebentar.
quanto ao que disse a clara ferreira alves, não passa de chavões, e sinceramente já cansa essa dos coitadinhos que são vítima da ultra-xenófoba sociedade francesa.
a teoria das culpas colectivas acabam como funcionar como uma negação de justiça.
Há alguns anos que amigos meu, franceses e amigos de Portugal me falam destes problemas em jeito humorísticos: maintenant c'est politiquement corrècte d'appeler ces endroits sinistres pleins d'arabes qu'ont dizaines d'enfants de plusieures femmes, qu'n nourrit avec nos lourds impôts, des quartiers "sensibles". Les jeunes emmèrdent les écoles publiques, les filles rattent la gymnastique à cause du manteau, etc.
No ano passado estiveram em minha casa e exclamaram: ah les beaux azulejos! levei-os a ver "l'entourage" d'Alfragide e ops: oh lá lá, pauvre Odette.
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