A retenção e o insucesso
SEGUNDO o «Diário de Notícias» do passado dia 16, um novo despacho normativo do Ministério da Educação vem permitir que as escolas decidam passar de ano qualquer repetente com maus resultados.
Podem fazê-lo se considerarem que se esgotaram todos os mecanismos de recuperação.
A medida surge como parte de um «conjunto de estratégias para combater o insucesso» no Ensino Básico. Conviria conhecer as outras. Esta é curiosa, pois passar de ano para combater o insucesso apenas o combate nominalmente. Melhora as estatísticas, isso é certo. Mas é duvidoso que melhore a aprendizagem.
Pode pensar-se que se trata de uma gralha ou mal entendido.
Mas a realidade é que entre os que mais se têm oposto aos exames e às reprovações estão muitos teóricos de uma pedagogia retrógrada e antiquada que curiosamente se diz «progressista».
De acordo com os cânones dessa pretensa pedagogia, as avaliações e os exames são prejudiciais pois a retenção não ajuda os alunos a progredir.
Admitamos que sim, que um aluno reprovado não progrida por repetir um ano. Pode acontecer. Tal como pode acontecer que assim ganhe, ele e a família, consciência da situação e que isso o ajude a progredir na segunda oportunidade que lhe é dada.
Mas mesmo que não avance, quer isso dizer que as avaliações e os exames são prejudiciais?
Quer isso dizer que estabelecer metas e verificá-las não é positivo para os alunos em geral?
E verificarem os estudantes que afinal se pode passar de ano sem saber não é o mesmo que dizer-lhes que o estudo e o esforço não são necessários? Não ficarão todos pior assim? Não ficaremos todos pior assim?
Nuno Crato
(Adapt. do Expresso-online)
Podem fazê-lo se considerarem que se esgotaram todos os mecanismos de recuperação.
A medida surge como parte de um «conjunto de estratégias para combater o insucesso» no Ensino Básico. Conviria conhecer as outras. Esta é curiosa, pois passar de ano para combater o insucesso apenas o combate nominalmente. Melhora as estatísticas, isso é certo. Mas é duvidoso que melhore a aprendizagem.
Pode pensar-se que se trata de uma gralha ou mal entendido.
Mas a realidade é que entre os que mais se têm oposto aos exames e às reprovações estão muitos teóricos de uma pedagogia retrógrada e antiquada que curiosamente se diz «progressista».
De acordo com os cânones dessa pretensa pedagogia, as avaliações e os exames são prejudiciais pois a retenção não ajuda os alunos a progredir.
Admitamos que sim, que um aluno reprovado não progrida por repetir um ano. Pode acontecer. Tal como pode acontecer que assim ganhe, ele e a família, consciência da situação e que isso o ajude a progredir na segunda oportunidade que lhe é dada.
Mas mesmo que não avance, quer isso dizer que as avaliações e os exames são prejudiciais?
Quer isso dizer que estabelecer metas e verificá-las não é positivo para os alunos em geral?
E verificarem os estudantes que afinal se pode passar de ano sem saber não é o mesmo que dizer-lhes que o estudo e o esforço não são necessários? Não ficarão todos pior assim? Não ficaremos todos pior assim?
Nuno Crato
(Adapt. do Expresso-online)
Etiquetas: NC
3 Comments:
Parabéns pelo magnífico texto e pelas verdades que nele diz, que muito boa-gente (?) não gosta de ouvir.
Parafraseando o "post" anterior:
Em Portugal estamos muito bem servidos de «legisladores-de-meia-tijela» e «de trazer-por-casa».
Gorjão
Eu diria mais, elegêmo-los agora gramêmo-los!
Obrigado, Doutor Nuno Crato, por lutar contra as "palhaçadas" do Ministério da Educação - qualquer dia, se isto vai sempre na mesma direcção, para Ministerio da Inducação...
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