1.11.05

A árvore - I

QUANDO, nos «anos 60», eu andava na faculdade embrenhado nas lutas estudantis, fazia-me muita confusão como é que a malta se dividia tão facilmente; na minha ingenuidade, não conseguia compreender porque é que era mais importante ser-se «pró-Moscovo» ou «pró-Pequim» do que combater a ditadura. Da mesma forma, em 1969, não percebi porque é que a CEUD e o MDP/CDE não foram capazes de se unir contra as listas de Marcelo Caetano.

Mais tarde, tive acesso a um diagrama (tão confuso e ramificado que parecia uma árvore desenhada numa sessão de terapia do Júlio de Matos) em que se mostravam as sucessivas divisões, sub-divisões, facções (e contrafacções...) com que a esquerda se entreteve durante anos e anos - criando grupos, grupinhos, grupelhos e grupúsculos, cada qual mais M-L do que o vizinho.

No entanto, essa minha surpresa era apenas fruto da minha pouca cultura política misturada com ingenuidade:

É que, tal como a Direita se sabe unir, assim a Esquerda se sabe dividir quando menos o deveria fazer. Mas trata-se de uma doença incurável, pois está-lhe nos genes, como agora, com as presidenciais, se pode ver:

Louçã deu saltos de contente quando a última sondagem lhe deu cerca de 5% ;
o PCP, no mesmo dia, ficou feliz-da-vida ainda com menos do que isso;
Manuel Alegre ganhou novo ânimo por ter mais 4% do que o camarada de partido;
e até o PS, pela voz de Vítor Ramalho (na SIC-N) se mostrou esfuziante de alegria com os 10,8% de Soares.

Desculpem a pergunta: está tudo doido... ou sou só eu?

Imagem: http://miles.fr/images/arbre-nu.jpg

2 Comments:

Blogger Pedro Lobo said...

Haja alegria senhor engenheiro, haja alegria. Agora chamar "grunhos" aos seus fiéis leitores é que não me parece bem senhor engenheiro. Haja alegria.

1 de novembro de 2005 às 17:58  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

QUE IDEIA É ESSA???

O epíteto de "Grunhos" (e "Analfabetos") refere-se aos que deitam o lixo fora do sítio (referidos no "post" anterior!!

1 de novembro de 2005 às 18:13  

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