Passeio Aleatório
Mãos no universo
PARA COMPREENDER como funcionam as coisas é importante aprender a observá-las e a manuseá-las. Não se pode aprender a guiar um carro sem sair com ele para a estrada, tal como não se interioriza verdadeiramente a ideia de que a Lua é esférica antes de a observar com binóculos e ver as sombras das suas montanhas.
Muitas das experiências e observações que se fazem na escola — quando se tem a sorte de ter uma boa escola! — são reproduções de experiências feitas há centenas ou milhares de anos. Nem por isso elas deixam de ser interessantes. Continua a ser elucidativo medir o peso aparente de um corpo quando ele mergulha na água — tal como Arquimedes fez há 22 séculos.
Entre as observações e experiências mais interessantes de fazer destacam-se as de astronomia. Ver o perfil crescente de Vénus ao telescópio continua a ser entusiasmante e esclarecedor. Medir a velocidade angular de rotação aparente da esfera celeste continua a constituir uma lição sobre a regularidade do universo. Mas todas essas observações e experiências têm uma grande carga histórica e nós gostamos, sobretudo quando somos jovens, de compreender o presente e de olhar para o futuro.
Ora o presente e futuro da astronomia só raramente se faz com pequenos telescópios ou com instrumentos caseiros. Faz-se com grandes aparelhos, normalmente afastados das cidades e colocados em locais ermos e longínquos. Mesmo quando se visita um observatório de dimensão razoável, como é o caso do Observatório Astronómico de Lisboa, está-se a olhar para instrumentos que já não são usados. Parece que estamos resignados a acompanhar de longe as notícias das grandes descobertas. Mas nem sempre é assim.
Um novo projecto, sugestivamente intitulado «Hands-On Universe», iniciado nos Estados Unidos há alguns anos, acaba de chegar à Europa com ideias inovadoras. Pretende mergulhar os jovens nalgumas das observações mais excitantes que actualmente se fazem em astronomia. Oito países europeus (http://www.euhou.net/) aderiram a uma rede internacional que faz observações tão rigorosas que é possível usá-las para reproduzir algumas das descobertas mais recentes.
Em Portugal, os professores e alunos de escolas secundárias vão poder associar-se a este projecto, aderindo a uma rede (http://www.pt.euhou.net/) que foi apresentada na semana passado no Instituto Geográfico do Exército. O parceiro português que dinamiza as actividades é o Núcleo Interactivo de Astronomia (http://www.nuclio.pt/).
Professores e alunos vão assim aprender a usar conceitos do currículo escolar de Física do Ensino Secundário para realizar e estudar observações que eles mesmo vão programar e efectuar.
Os estudantes irão meter as mãos na massa e realizar observações e experiências astronómicas. Mas não com actividades iguais às que há séculos se fazem — os projectos são de astronomia contemporânea. Irão medir o espectro de estrelas, observar supernovas e verificar a existência de planetas extra-solares. Será difícil estar mais perto da ciência que hoje se faz. É bom ir de Arquimedes ao século XXI.
PARA COMPREENDER como funcionam as coisas é importante aprender a observá-las e a manuseá-las. Não se pode aprender a guiar um carro sem sair com ele para a estrada, tal como não se interioriza verdadeiramente a ideia de que a Lua é esférica antes de a observar com binóculos e ver as sombras das suas montanhas.
Muitas das experiências e observações que se fazem na escola — quando se tem a sorte de ter uma boa escola! — são reproduções de experiências feitas há centenas ou milhares de anos. Nem por isso elas deixam de ser interessantes. Continua a ser elucidativo medir o peso aparente de um corpo quando ele mergulha na água — tal como Arquimedes fez há 22 séculos.
Entre as observações e experiências mais interessantes de fazer destacam-se as de astronomia. Ver o perfil crescente de Vénus ao telescópio continua a ser entusiasmante e esclarecedor. Medir a velocidade angular de rotação aparente da esfera celeste continua a constituir uma lição sobre a regularidade do universo. Mas todas essas observações e experiências têm uma grande carga histórica e nós gostamos, sobretudo quando somos jovens, de compreender o presente e de olhar para o futuro.
Ora o presente e futuro da astronomia só raramente se faz com pequenos telescópios ou com instrumentos caseiros. Faz-se com grandes aparelhos, normalmente afastados das cidades e colocados em locais ermos e longínquos. Mesmo quando se visita um observatório de dimensão razoável, como é o caso do Observatório Astronómico de Lisboa, está-se a olhar para instrumentos que já não são usados. Parece que estamos resignados a acompanhar de longe as notícias das grandes descobertas. Mas nem sempre é assim.
Um novo projecto, sugestivamente intitulado «Hands-On Universe», iniciado nos Estados Unidos há alguns anos, acaba de chegar à Europa com ideias inovadoras. Pretende mergulhar os jovens nalgumas das observações mais excitantes que actualmente se fazem em astronomia. Oito países europeus (http://www.euhou.net/) aderiram a uma rede internacional que faz observações tão rigorosas que é possível usá-las para reproduzir algumas das descobertas mais recentes.
Em Portugal, os professores e alunos de escolas secundárias vão poder associar-se a este projecto, aderindo a uma rede (http://www.pt.euhou.net/) que foi apresentada na semana passado no Instituto Geográfico do Exército. O parceiro português que dinamiza as actividades é o Núcleo Interactivo de Astronomia (http://www.nuclio.pt/).
Professores e alunos vão assim aprender a usar conceitos do currículo escolar de Física do Ensino Secundário para realizar e estudar observações que eles mesmo vão programar e efectuar.
As equipas vão ter acesso ao telescópio Faulkes do Hawai e a um radiotelescópio sueco do Observatório de Onsala. Tal como o fazem hoje os astrónomos profissionais, irão operar remotamente os aparelhos e recolher observações que serão conservadas em forma digital e transmitidas pela Internet. Depois de obterem os dados, irão trabalhá-los com ajuda de uma aplicação informática desenvolvida para o efeito.
Os estudantes irão meter as mãos na massa e realizar observações e experiências astronómicas. Mas não com actividades iguais às que há séculos se fazem — os projectos são de astronomia contemporânea. Irão medir o espectro de estrelas, observar supernovas e verificar a existência de planetas extra-solares. Será difícil estar mais perto da ciência que hoje se faz. É bom ir de Arquimedes ao século XXI.
NOTA: Em www.euhou.net/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=31&Itemid=154 há imagens interessantes
NUNO CRATO - Adapt. do «Expresso» - «Única»
NUNO CRATO - Adapt. do «Expresso» - «Única»
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