Visto do sofá (*)
Uma descida aos balneários
CRESCE a olhos vistos a importância dos balneários no rendimento das equipas de futebol.
O que neles se passa é, porventura, tanto ou mais importante do que os aspectos técnicos e tácticos que condicionam e determinam o rumo de cada jogo.
E, no entanto, o balneário é, em sentido real, apenas o compartimento de um complexo desportivo onde se muda de roupa e se toma banho.
(Texto integral em «Comentário-1»)
(*) - Crónica de Alfredo Barroso no «DN» de hoje, aqui transcrita com sua autorização
CRESCE a olhos vistos a importância dos balneários no rendimento das equipas de futebol.
O que neles se passa é, porventura, tanto ou mais importante do que os aspectos técnicos e tácticos que condicionam e determinam o rumo de cada jogo.
E, no entanto, o balneário é, em sentido real, apenas o compartimento de um complexo desportivo onde se muda de roupa e se toma banho.
(Texto integral em «Comentário-1»)
(*) - Crónica de Alfredo Barroso no «DN» de hoje, aqui transcrita com sua autorização
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2 Comments:
VISTO DO SOFÁ
Uma descida aos balneários
UMA DESCIDA aos balneários
Cresce a olhos vistos a importância dos balneários no rendimento das equipas de futebol. O que neles se passa é, porventura, tanto ou mais importante do que os aspectos técnicos e tácticos que condicionam e determinam o rumo de cada jogo. E, no entanto, o balneário é, em sentido real, apenas o compartimento de um complexo desportivo onde se muda de roupa e se toma banho. Mas o sentido figurado é o que mais interessa, tanto se tivermos em conta que é lá que, nos intervalos de uma partida de futebol, o treinador dá a táctica que pode virar ou confirmar o resultado de um jogo na segunda parte, como se considerarmos a importância psicológica do bom ou mau convívio entre os jogadores que necessariamente o frequentam, para mudarem de roupa e tomarem banho.
Nunca duvidei da importância dos balneários na higiene física dos jogadores. Eu próprio os frequentei quando dava pontapés na bola e saía de lá todo pimpão, remoçado e pronto para outra, depois de uma grande jogatana entre amadores. Mas agora percebo cada vez melhor que também é lá que se trata da higiene psicológica dos futebolistas e, sobretudo, da coesão das equipas que entram em campo. O balneário é, ho-je, tanto em sentido real como em sentido figurado, tão importante como tu-do o que se passa durante os treinos e durante os jogos, dentro das quatro linhas de um campo de futebol. Ter um bom balneário é meio caminho andado para obter bons resultados nos relvados.
Vem isto a propósito de declarações do actual seleccionador nacional de futebol, Luiz Felipe Scolari, segundo as quais as ausências de Vítor Baía e de João Vieira Pinto das listas de convocados para a selecção nacional "poderão" dever-se a "dados técnicos e de balneário". Note-se o tempo do verbo "poderão". E note-se o tom peremptório de Scolari quando diz: "Disponho de dados técnicos e de balneário que nunca revelarei." E mais: "Esses dados são meus, só meus." Ora bem. Não é nada de que os adeptos da bola não suspeitassem. Mas é uma declaração que só avoluma e deixa pairar a suspeita sobre o comportamento daqueles dois jogadores. Quais são os "dados técnicos"? Não se sabe. E os "dados de balneário"? Ainda menos. Há margem para todo o tipo de especulações. Baía e João Pinto são "nabos" em campo e "frescos" no balneário? Diga lá, excelência! Não se fique por meias palavras. Permita que os dois "acusados" se defendam.
Já critiquei Scolari por não convocar Vítor Baía, apesar de o guarda-redes titular do FC Porto estar em grande forma. Mas nunca pus em causa a liberdade de escolha dos futebolistas que, segundo o seu critério, são os que melhor servem os objectivos ou mais se adequam aos interesses desportivos da selecção nacional. Aliás, nunca me esqueço do exemplo do treinador francês Aimé Jacquet, quando decidiu excluir da sua selecção um dos mais extraordinários futebolistas franceses de sempre Eric Cantona. Mas Cantona era tão "temperamental" e "conflituoso" que não se encaixava, nem no modelo de jogo, nem no "espírito de equipa" que Aimé Jacquet queria incutir na selecção. E ele disse-o. Foi muito criticado por isso. Acusaram-no de não perceber nada de bola. Houve mesmo quem, com insuportável "snobismo", dissesse que Aimé Jacquet era um "saloio", por ir vestido de fato de treino para o banco durante os jogos. Foi campeão do Mundo.
Li há dias uma interessante entrevista com Javier Aguirre, o treinador mexicano do Osasuna, que está a fazer um belo campeonato e fez a vida negra ao Real Madrid no Bernabéu (1-1) apesar de ter jogado apenas com dez jogadores desde os 15 minutos de jogo. Perguntaram-lhe como se pode criar uma equipa tão competitiva num clube com tantas carências económicas. E ele respondeu "É inegável que somos uma equipa com sorte. Mas o nosso principal activo é o bom ambiente que existe, o bem-estar laboral, a tranquilidade emocional, os adeptos magníficos"... Um balneário também é isto!
Alfredo Barroso
Ó dr. Alfredo!
O senhor acha que com o Baía na selecção teria sido possível deixar o Figo e o Rui Costa no "banco" durante o europeu? Eu também não percebia e até gostava do Baía. Até ao dia em que ele, ainda no activo e por uns cobres, se meteu a comentador da TVI para avaliar outros guarda-redes seus colegas. Quanto ao João Pinto, já tinha acabado para a selecção, por causa da Coreia, quando "seu Filipão" cá chegou.
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