As férias e o almocinho (*)
COMO não podia deixar de ser, as férias de José Sócrates - ora no Quénia, ora nos Alpes Suíços -, prestam-se a dois géneros de comentários totalmente contraditórios:
Por um lado, dir-se-á que «ele não é mais nem menos do que os outros portugueses todos e, se as paga do seu bolso (e com dinheiro que ganhou com o seu trabalho) ninguém tem nada com isso». E é a pura verdade.
Por outro lado, também não faltará quem diga que, «estando o país a atravessar dificuldades, e sendo precisamente ele quem exige sacrifícios ao povo, deveria ser o primeiro a dar o exemplo de contenção». E é também a pura verdade.
Então em que ficamos?
O que sucede é que a realidade é multifacetada, pelo que ambas as argumentações têm lógica e são aceitáveis. Tudo depende, muito mais do que do posicionamento político de cada um, da sensibilidade para com as coisas da vida.
E é precisamente esse aspecto da sensibilidade que me faz pensar nas pessoas que estão num restaurante a comer do bom e do melhor quando aparece um pedinte com fome.
Claro que ela diz para si mesma que «não é mais nem menos do que os outros portugueses todos e, se paga a refeição do seu bolso (e com dinheiro que ganhou com o seu trabalho), ninguém tem nada com isso». E, mais uma vez, é a pura verdade.
Só há um pequeno pormenor: é que ela deverá ser A ÚLTIMA PESSOA NO MUNDO a dizer ao pobre que «coma menos, pois está gordo demais»...
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CMR / Crónica publicada no «DN» e no «Diário Digital» de hoje
Por um lado, dir-se-á que «ele não é mais nem menos do que os outros portugueses todos e, se as paga do seu bolso (e com dinheiro que ganhou com o seu trabalho) ninguém tem nada com isso». E é a pura verdade.
Por outro lado, também não faltará quem diga que, «estando o país a atravessar dificuldades, e sendo precisamente ele quem exige sacrifícios ao povo, deveria ser o primeiro a dar o exemplo de contenção». E é também a pura verdade.
Então em que ficamos?
O que sucede é que a realidade é multifacetada, pelo que ambas as argumentações têm lógica e são aceitáveis. Tudo depende, muito mais do que do posicionamento político de cada um, da sensibilidade para com as coisas da vida.
E é precisamente esse aspecto da sensibilidade que me faz pensar nas pessoas que estão num restaurante a comer do bom e do melhor quando aparece um pedinte com fome.
Claro que ela diz para si mesma que «não é mais nem menos do que os outros portugueses todos e, se paga a refeição do seu bolso (e com dinheiro que ganhou com o seu trabalho), ninguém tem nada com isso». E, mais uma vez, é a pura verdade.
Só há um pequeno pormenor: é que ela deverá ser A ÚLTIMA PESSOA NO MUNDO a dizer ao pobre que «coma menos, pois está gordo demais»...
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CMR / Crónica publicada no «DN» e no «Diário Digital» de hoje
3 Comments:
Pois é... Ainda hoje apanhámos com o nababo do Banco de Portugal a exigir sacrifícios à gente.
Chamem-lhe demagogia, chamem-lhe o q quiserem, mas não pude deixar de pensar no ordenado milionário e nas mordomias que ele tem e que, ainda por cima, lhe são pagas por aqueles a quem ele pede sacrifícios!!!!
Rosa M.
Mesmo estando perdido no meio da savana queniana, Sócrates é o primeiro-ministro português e as suas férias não podem ser comparadas às que um comum cidadão compra numa agência de viagens.
Quem assegura a logísitica de comunicações com Portugal durante as férias? O primeiro-ministro NUNCA pode estar incontactável. No entanto, nós sabemos que essa questão pode ser complexa quando se viaja por algumas regiões do 3º Mundo. Depois, quem garante a segurança do primeiro-ministro, para mais num país que já se revelou vulnerável ao terrorismo? Não acautelar estas questões é irresponsável. Acautelá-las implica custos, que ainda não foram explicados. Foram assumidos pela embaixada portuguesa no Quénia ou pelas autoridades quenianas? Não sabemos...
O que ainda não sei é se o Primeiro Ministro, embora pagando as férias do seu bolso, se desloca, ou não, no Falcon?
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