26.3.06

Velhos

A PROXIMIDADE da velhice preocupa-me, não tanto pela nostalgia do vigor e desembaraço perdidos, mas por algum receio daquilo em que os velhos se tornam.

Convivi sempre com gente mais velha do que eu, o que me enriqueceu a experiência e a memória, mas tal faz com que alguns dos meus amigos hoje tenham necessidade de apoio ou acompanhamento inegáveis. É aqui que surgem os meus receios.

Um desses meus amigos teve de ser internado quando já tinha ocasiões em que não reconhecia familiares e amigos. Mas o que ditou a decisão do internamento foi o seu gosto de limpar o rabo a notas de 50 euros.

O pior, no entanto, foi o meu amigo Mário. Passeava eu com ele no Campo Grande quando descortinou ao longe um miúdo com um balão de gás.

- Vou bater naquele miúdo - anunciou.

Pensei que brincasse. Quando nos cruzámos com o miúdo, o meu amigo Mário enfiou-lhe um caldaço e soltou o balão a rabear para o céu. O miúdo pôs-se a berrar e a avó interpelou o meu amigo, que disse à pobre senhora:

- Vossemecê cala-se já, ou atiro-a ao lago dos patos!

Cinco minutos depois estava tranquilo e bem-disposto. Eu é que nunca mais...

«25ª HORA» - «24horas» 24 Mar 06

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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há muito tempo que não me ria tanto! Bem-Haja!

G.S.F.

26 de março de 2006 às 15:10  
Anonymous Anónimo said...

e eu que vivo com panico de chegar aos 30 !

Matateu

27 de março de 2006 às 09:29  
Anonymous Anónimo said...

E não serem notas de 100 euros!
Antes xexé sem angústias, que lúcido com depressões!...

27 de março de 2006 às 18:57  

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