16.8.06

Física no banho turco (*)

QUEM tome um banho turco de vapor experimenta uma sensação do outro mundo. Fica envolto numa atmosfera aquecida e saturada de vapor de água, que se condensa constantemente em pequenas gotículas pelas paredes da sala e pelo corpo.
A temperatura do banho ronda os 50ºC, que constituem um limite de resistência do corpo humano. Um pouco acima, o calor torna-se insuportável. Mas é aprazível estar no limiar de resistência.

Ingres - «O banho turco»

Curiosas também são algumas das experiências que se têm, muito diferentes das do nosso dia a dia. Experimente-se, por exemplo, agitar os braços, tal como se faz quando se tem muito calor. Ao invés de arrefecerem, os braços aquecem, pois a agitação do ar faz com que a pele tome directamente contacto com o vapor circundante, que se encontra uns 10º acima da nossa temperatura.

Que se passa então? Porque será que agitando os braços ao ar livre, mesmo que façam 40º à sombra, portanto mais do que a temperatura do nosso corpo, nos dá uma sensação de frescura e o mesmo não acontece no banho turco? Ao ar livre, agitar os braços ou abanar um leque não arrefece directamente a pele, mas acelera a evaporação do nosso suor. E quando a água passa do estado líquido ao gasoso, absorve energia e baixa a temperatura. Por isso, é tão agradável a corrente de ar nos dias quentes. O segredo está na evaporação do suor, mas essa evaporação não se pode efectuar num ambiente saturado de vapor de água, como é o caso do banho turco.

Para não aquecer no banho turco, o melhor é estar parado e ficar protegido pela fina camada de ar que cerca o nosso corpo e que adquire uma temperatura intermédia entre a nossa e a do ambiente circundante. É preciso fazer exactamente o contrário do que se faz ao ar livre.
-

(*) Adaptado do EXPRESSO