No reino dos trapalhões
TODOS conhecemos a sensação desagradável que provoca o facto de alguém dizer «já conheço essa» quando começamos a contar uma história engraçada - e é por isso que se diz que «um cavalheiro nunca conhece uma anedota que lhe contam».
No entanto, há que distinguir entre anedotas e rábulas pois, para estas, o comportamento do auditório pode ser diferente: quem não se deliciou já mais do que uma vez com as de Raul Solnado, António Silva, Vasco Santana ou Charlie Chaplin?
Ora, é nesta última família do «humor que não cansa» que se inserem as notícias anuais acerca das irregularidades das contas dos partidos - e só temos de estar gratos aos artistas, pois a cena em que se especializaram (a de palhaço-trapalhão a exigir rigor aos outros palhaços) ajuda, e muito, a suportar as notícias tristes com que os mesmos nos vão encharcando sem dó nem piedade.
5 Comments:
Eles não têm emenda. Essa gente deve viver noutro mundo, pois nem sequer faz ideia do mau aspecto que as suas barracadas dão.
Ed
Não deixa também de ter a sua piada o facto de o Tribunal Constitucional (Estado) multar um ou outro partido político por as suas contas não se apresentarem da melhor forma. Ora como, na prática, os partidos se financiam no Estado, trata-se de uma mera transferência de verbas de um lado para o outro. Assim parece-me impossivel que a multa actue como factor disciplinador de comportamentos da mais completa falta de vergonha.
Corrigindo:
Além de Os Verdes, houve mais três partidos que cumpriram a lei. Foram eles: O Partido Socialista Revolucionário, o Movimento pelo Doente e o Partido Operário de Unidade Socialista.
Um gozo, meninos e meninas!
Acerca do Caso Mateus ainda faltava esta («Diário Digital» de hoje) para a paródia ser total:
Leixões entra na liça e quer lugar na I Liga
O Leixões vai entregar, esta sexta-feira à tarde, na sede da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, um documento em que reivindica como seu o lugar que o Belenenses poderá vir a ocupar na Liga Bwin, invocando para isso o direito desportivo adquirido.
O clube de Matosinhos optou por aguardar pelo desfecho do Caso Mateus para tomar uma posição sobre o assunto.
Contudo, agora que parece certo que o Gil Vicente não vai poder participar na principal liga de futebol portuguesa, os responsáveis matosinhenses pretendem fazer aqueles que dizem ser os seus direitos, segundo os quais é o Leixões, e não o Belenenses, que deverá subir à I Liga.
Para a direcção do emblema de Matosinhos, é o Leixões que tem o direito de desportivo de estar entre os grandes do futebol nacional, uma vez que foi ele o terceiro classificado na Liga de Honra da última temporada.
Como benfiquista, só me apraz dizer que isto só prova a grandiosidade do Glorioso, ja que nenhuma equipa da Liga tem três equipas a querer defrontá-lo ao mesmo tempo. (Isto é uma clara piada)
Já tinha ouvido na rádio que o Leixões esperava o fim dos recursos gilistas e a confirmação da despromoção da equipa, para se meter ao barulho. Só peca por tarde, mas á boa maneira portuguesa, ficou tudo para a última semana antes do início do campeonato.
A bem da verdade desportiva, concordo com o recurso do Leixões. Se o Gil Vicente deve ser punido pelos estatutos, o Belenenses que merecidamente foi relegado para a Liga de Honra não deve ser beneficiado pelos mesmos e pela mesquinhez de criar este caso quando a descida de divisão ficou confirmada. Aliás, se a FPF tivesse logo colocado a hipótese Leixões na primeira reivindicação do clube de Belém, muito provavelmente o caso teria morrido aí (não havia ganho directo para o Belenenses e o Leixões seria ignorado) e evitar-se-ia a vergonha da comparar a lentidão na resolução deste caso com a do CalcioCaos.
Infelizmente, esta situação só vai provocar problemas na Liga, uma (des)organização conhecida pela sua eficácia em lidar com estes casos. Esperemos para ver como será amanhã, no primeiro jogo de uma equipa contra este autêntico triângulo das Bermudas.
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