Uma questão incómoda
NA ENTREVISTA a Manuel Alegre, publicada hoje no «DN» pode ler-se, a dada altura:
P: Mas não concorda com o princípio segundo o qual quem tem mais posses deveria pagar?
R: (...) Se um homem muito rico pagar os seus impostos, tem direito a um hospital público, da mesma maneira que alguém que tenha um rendimento mínimo.
P: Mas não concorda com o princípio segundo o qual quem tem mais posses deveria pagar?
R: (...) Se um homem muito rico pagar os seus impostos, tem direito a um hospital público, da mesma maneira que alguém que tenha um rendimento mínimo.
Acho que Alegre tem razão mas, como a sua resposta vai contra o "politicamente correcto", merece bem ser analisada:
1º - Todos estamos de acordo que «quem mais ganha deve pagar mais». Só que isso já sucede, nomeadamente no IRS (para não falar noutros impostos).
2 - Se fosse aplicado avulso, onde nos poderia levar esse princípio? À compra do pão, da carne, da electricidade? E porque não às portagens, às bicas e ao passe-social?
3 - E como é que alguém prova que deve pagar menos porque ganha pouco? Anda com a Declaração do IRS no bolso? E se não pagar IRS? Vai pedir um Atestado de Pobreza à Junta de Freguesia?
4 - Mesmo aceitando-se o tal princípio, pergunta-se: na actual situação de fuga generalizada aos impostos, que garantias pode dar o Estado de que uma declaração passada por si (de IRS ou outra semelhante) é credível?
5 - Entretanto, e para finalizar, digam-nos se é justo que um milionário de 65 anos pague menos na CP (e até no eléctrico da Praia das Maçãs!), do que um pobre de 64 anos e 11 meses...
1º - Todos estamos de acordo que «quem mais ganha deve pagar mais». Só que isso já sucede, nomeadamente no IRS (para não falar noutros impostos).
2 - Se fosse aplicado avulso, onde nos poderia levar esse princípio? À compra do pão, da carne, da electricidade? E porque não às portagens, às bicas e ao passe-social?
3 - E como é que alguém prova que deve pagar menos porque ganha pouco? Anda com a Declaração do IRS no bolso? E se não pagar IRS? Vai pedir um Atestado de Pobreza à Junta de Freguesia?
4 - Mesmo aceitando-se o tal princípio, pergunta-se: na actual situação de fuga generalizada aos impostos, que garantias pode dar o Estado de que uma declaração passada por si (de IRS ou outra semelhante) é credível?
5 - Entretanto, e para finalizar, digam-nos se é justo que um milionário de 65 anos pague menos na CP (e até no eléctrico da Praia das Maçãs!), do que um pobre de 64 anos e 11 meses...
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Imagem obtida em Sergei Cartoons
3 Comments:
Ora aqui está um assunto muito interessante para discutir, especialmente porque vai contra ideias-feitas.
O problema da ineficiência da máquina fiscal (com o seu cortejo de injustiças associadas) é talvez o maior problema com que nos defrontamos, pois dele dependem muitos outros.
Não esqueçamos que a fuga ao fisco (valores oficiais) está estimada em 17.000 MILHÕES de euros (Santana Lopes falava em 20.000).
Compare-se então essa verba com os 100 milhões das SCUT e tirem-se conclusões.
Rodr.
Num post anterior, já aqui foi referida a deliciosa resposta que Sócrates deu à TSF quando ainda não era 1º ministro:
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(...) o candidato à liderança socialista José Sócrates afirmou que a intenção do Governo [de Santana Lopes] não é a de promover a justiça social mas “criar um novo imposto sobre a saúde”. “Se o primeiro-ministro quer aumentar as receitas tem uma forma fácil de o fazer que é combater a fraude e evasão fiscal”, afirmou.
Ordem, ordem!
Se vamos começar a escrever aqui o que "eles" dizem e depois "desdizem", não haverá espaço suficiente nos computadores do "blogger"!
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