Máquina a vapor
NA ESCOLA NAVAL, no Alfeite, teve lugar uma cena curiosa. Na apresentação do seu último livro, o comandante Estácio dos Reis presenteou a assistência com uma surpresa. Afirmou que, ao fim de muitos anos a fazer palestras sobre personalidades e instrumentos históricos, pela primeira vez ia ver uma das figuras por si homenageadas dar sinais de vida.
Seu dito seu feito. De forma ruidosa e odorifumante, a personagem deu entrada em cena. Alardeava boa saúde apesar dos seus 150 anos de idade. Para gáudio dos presentes, uma máquina a vapor construída pouco depois de 1853 começou a trabalhar. Libertou fumo e vapor e fez mover prestimosamente as suas bielas e manivelas. Deu um colorido inaudito ao lançamento de um livro de história da técnica. E um colorido apropriado pois não se trata de uma obra vulgar. É uma história única da lenta e atribulada introdução da máquina a vapor no nosso país.
O autor, conhecido historiador de ciência e de instrumentação científica, notabilizou-se pelo impulso dado à colecção de astrolábios náuticos no Museu de Marinha, que se tornou a maior do mundo, pela descoberta de um instrumento da época com o nónio de Pedro Nunes e por muitos trabalhos sobre a navegação e instrumentos científicos. Este novo livro, intitulado «Gaspar José Marques e a Máquina a Vapor: Sua Introdução em Portugal e no Brasil» tem a chancela das Edições Culturais da Marinha. Ao longo de 373 páginas, que demoraram oito anos a ser investigadas e escritas, descreve-se a história da entrada do nosso país na era do vapor. Nesta semana de cultura científica e de homenagem a Rómulo de Carvalho, fica também este exemplo. Voltou à vida uma máquina que, na altura, era símbolo da contribuição da ciência e da técnico para o progresso.
(Adaptado do «Expresso»)
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