16.11.06

Reescrever a História

UNS PALAFRENEIROS da Fundação Gorbachev, espécie de Fundação Mário Soares mas em Moscovo, dedicam-se a reescrever a História que lhes toca. E, vai daí, dão aos seus manuscritos umas pinceladas de cosmopolitismo que ajudem a vender os seus livrinhos, ou fazem conferências em que vão desovando novas teorias e testando factos recompostos da História recente.

É assim que surge Álvaro Cunhal, aparentemente citado por Alessandro Natta, sucessor de Berlinguer e coveiro do PC italiano e do eurocomunismo, que se referiria ao dirigente comunista português, com quem se reuniu em 1988, como se fosse um camarada dos finais dos anos 50.

Das duas, uma: ou Natta não falou com Álvaro Cunhal, ou quis agradar aos transformadores de Moscovo, dizendo mal de alguém que se manteve actualizado e coerente até ao fim e não foi escorraçado, como sucedeu a Gorbachev e a Natta, que tiveram de riscar os nomes dos seus partidos, e até o da sua pátria. Para melhor se avaliar do discernimento político de Gorbachev, basta ver o que antevia de Angola, Moçambique e Etiópia. Ficamos conversados.

«25ªHORA» - «24 horas» de 16 Nov 06

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