Alfredo Pereira Gomes

O homem que tinha falecido e que nesse dia foi cremado não era também um homem vulgar. Era um matemático a quem Portugal muito deve. Chamava-se Alfredo e era conhecido entre amigos pelas iniciais dos seus últimos nomes: PG. Tinha sido irmão de dois romancistas, Alice Gomes e Soeiro Pereira Gomes, este último autor do conhecido romance «Esteiros». Tinha nascido em 19 de Janeiro de 1919 e estava pois adiantado nos seus 87 anos de idade. Tinha-se doutorado no Porto, onde começara a trabalhar muito cedo. Tinha sido expulso do ensino universitário pelo regime salazarista e tinha sido obrigado a ir para França e depois para a Universidade do Recife, no Brasil. Aí criara o Instituto de Física Matemática, que colocou o Recife no mapa científico internacional. Com a ditadura dos generais, teve de sair do Brasil e voltou a França, tornando-se professor em Nancy. Só na década de 1970 pôde regressar ao nosso país. Aqui desenvolveu uma actividade notável no relançamento da revista «Portugaliae Mathematica», na orientação de estudantes e na reorganização da Sociedade Portuguesa de Matemática, de que era sócio honorário.
Quem nos deixa é uma das últimas figuras da geração matemática dos anos 1940. Um homem com uma vida recheada de experiências e de contribuições para a matemática.
Adaptado do «Expresso»
Adaptado do «Expresso»
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