«História da minha fuga...»

QUANDO pensamos em Giacomo Casanova, pensamos quase sempre no «homem das 1000 mulheres», mas este livro, escrito pelo próprio, pouco ou nada tem acerca de saias.

No dia do Grande Terramoto de Lisboa, Casanova estava já há algum tempo na chamada Prisão dos Chumbos, em Veneza, devido - segundo nos diz - a ter sido apanhado com alguns livros de ocultismo.

Nesta deliciosa obra, escrita 32 anos depois, ele conta-nos como, ao sentir o edifício a abanar, teve esperanças de que uma derrocada o salvasse de uma detenção. Mas ainda lhe faltariam 365 dias para a liberdade...

Depois, com uma infinita paciência, fez um enorme buraco no chão (com um ferrolho que encontrou perdido e que afiou) para, no fim e por coincidência, ser mudado de cela no dia previsto para a evasão.

Na sua nova cela, e com a cumplicidade de um padre (que estava preso por fazer filhos em todas as criadas das casas por onde passava), consegue fazer um novo furo, desta vez no tecto, através do qual, passando depois aos telhados, ambos se evadem no dia 1 de Novembro de 1756 - acabando ambos por sair... pela porta principal da prisão!