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ENQUANTO os meus netos foram a Belgais a um concerto de Maria João Pires, eu fui a Faro ouvir um D. Geovanni de Mozart que, tratando-se da primeira produção do Teatro Municipal de Faro, oxalá seja um bom augúrio para o futuro da oferta cultural do Algarve.
Não quero com isto dizer que somos muito cultos e muito musicais. Apenas aprendemos no tempo certo, uns com os outros, a gostar de coisas simples e bonitas e, por isso, coincide haver três gerações da minha família a acorrerem, no mesmo dia, ao que de bom pode haver quem nos ofereça num raio dumas centenas de quilómetros.
Aqui está o busílis. Belgais está no mapa e é visitada por milhares de pessoas porque ali vive e toca Maria João Pires. Bom seria que o Algarve viesse também a ser procurado pela excelência dos seus concertos, das suas óperas, do seu teatro. Só tem de lá haver quem perceba que, nos nossos dias, sol, golf, sardinhas assadas e carapaus alimados rendem pouco.
«25ªHORA»-«24 horas»Etiquetas: JL
1 Comments:
O Joaquim Letria que me desculpe mas aqui vai comentário polémico :
Sem pôr em causa o valor das obras referidas, nem a respectiva qualidade de interpretação, sempre me fez confusão que as pessoas que assistem a estes espectáculos considerem que estão a participar num acto "cultural".
E mais : que se considerem a si próprias pessoas "cultas".
Se não souberem nada, por exemplo, de Electromagnetismo e Termodinâmica, ou outras matérias que dão um trabalhão do caraças a estudar, não são pessoas incultas, lá isso não! Em contrapartida, um tipo que saiba à brava dessas matérias mas não frequente as sessões "culturais", é um estafermo.
Há aqui qualquer coisa que me escapa. Talvez por ser um gajo muito "inculto", que considera "artes e espectáculos" o que muitos denominam "cultura".
Mas arrisco uma explicação : Artes e Espectáculos é coisa para Direcção Geral ; dá muito mais sainete um Ministério da Cultura ...
Jorge Oliveira
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