7.1.07

«Acontece…»

Coisas de blogues e suas interrogações
Segundo um estudo do Pew Internet and American Life Project publicado em Fevereiro de 2004, todos os dias são criados cerca de 15000 novos blogues. A cada hora são actualizados 10.800 entre todos os blogues existentes. Num dia são publicados cerca de 275000 novos posts. À frente destes números (difíceis de confirmar, mas provavelmente aproximados por defeito) a relação Pew conta cerca de 50 milhões de utilizadores de Internet na qualidade de leitores regulares de blogues.
Copio este parágrafo do interessante livro “Geração Blogue”, do especialista italiano Giuseppe Granieri, agora chegado a Portugal em sofrível tradução editada pela Presença. Está nas livrarias esta semana e vale a pena pegar nele. Fi-lo no propósito de encontrar uma ideia que fermentasse aqui, no segundo aniversário do nosso Sorumbático. Encontrei, não uma, mas um milhão delas.
Desde logo, a evidência esmagadora dos números. Duzentos e setenta e cinco mil posts em cada 24 horas é um dado que aterroriza, porque afasta. Que faço eu, neste momento, preparando esta entrada, ao juntar-me a mais 274.999 outros textos que subirão para a blogosfera até à meia-noite de hoje? O que faço, para que o faço e para quem? A proximidade dessa onda gigantesca é qualquer coisa de devastador. Sinto-me na iminência de um tsunami. E no entanto, cada um dos outros posts não é mais do que um, tal como o meu. E, em relação a esse outro, o meu faz parte do tsunami. Eu estou dentro dele.
Isto quanto a números. E quanto a conteúdos? O que faço no Sorumbático? E o que é o Sorumbático, em termos de género? A qual das “raças” pertence o seu condutor: é ele um “caçador”, um “intriguista” ou um “xamã” segundo a tabela de Giorgio Nova (http://falsoidillio.splinder.com/) citada no livro a que fiz referência? Mas será preciso rotular, classificar, nomear? Não basta, simplesmente, existir?
De raspão, passou-me também pela cabeça que o universo bloguista português tem como topos de gama famosos sítios de pensamento e crítica política, ao invés de outros países onde cresceram blogues de literatura simples (não “light”!) que se transformaram em epicentros de enormes audiências. Gente que criou uma personalidade virtual e, tal como num romance, a pôs a viver situações banais, quotidianas, corriqueiras. Mas de tal forma bem escrito (ou descrito) que fascinaram milhares de frequentadores, criando redes poderosas de afinidades e interesses. Há algum caso destes em Portugal, assim gritante, tão poderoso que leve esses autores para as páginas dos media convencionais ou para as câmaras das televisões? Se há, que alguém faça o favor de me informar. Neste momento, desconheço.
Aqui fica um molho de rapidíssimas reflexões, atiradas para o bolo de aniversário do estimadíssimo Carlos Medina Ribeiro, o zeloso guardião deste templo de prazer que se chama Sorumbático. São as minhas velas. Falta agora um fósforo que as ilumine. Parabéns, CMR!

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