5.1.07

Ode autárquica às Leis-da-Treta

Como os automobilistas lisboetas vão responder ao aumento dos parquímetros:



Quando (como foi agora o caso) os representantes do povo de Lisboa decretam coisas fabulosas sobre o estacionamento na cidade, pego na máquina fotográfica e vou até à Assembleia Municipal ver o que se passa lá à porta. Como é evidente, pouco varia de umas imagens para as outras - e, às vezes, até os carros são os mesmos.

Mesmo ali ao lado, um parque de estacionamento com CENTENAS de lugares está sempre às moscas - e tudo sob o olhar dos agentes da PSP e da Polícia Municipal que ali estão quase em permanência.

NOTA 1: Na realidade, os carros que aqui se vêem poderão não estar a estorvar ninguém. Mas o problema essencial não é esse. O que se pretende aqui fazer sobressair são, mais uma vez, as Leis-da-Treta que uma multidão de parlamentares, governantes e autarcas debita cá para fora e que depois ninguém cumpre nem faz cumprir.

NOTA 2: No meio desta palhaçada toda há, na realidade, um grande prejudicado: sucede que o parque de estacionamento subterrâneo cuja entrada se vê à esquerda (e que tem vários pisos e centenas de lugares às moscas) é propriedade particular - de alguém que ali enterrou muito do seu dinheiro, certamente confiando que as autoridades fariam aquilo para que são pagas. O que será que esse investidor pensa quando ouve os nossos políticos a apelar ao investimento?

6 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pormenores:

1ª imagem - do lado direito, uma fila interminável de carros em paragem proibida

2ª imagem - repare-se no VW creme a bloquear a saída de uma garagem particular

3ª imagem - nem a passadeira para peões é respeitada

6 de janeiro de 2007 às 09:21  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Imagens como a de baixo já foram publicadas no Público/Local-Lisboa e enviadas para a AML.

Respostas dos senhores autarcas? ZERO.
Actuação dos mesmos? ZERO.
Actuação da polícia? ZERO.

Mas até estaria tudo bem se eu não tivesse de ajudar a pagar os ordenados dessa rapaziada toda.

O único consolo que me resta é que, nas eleições autárquicas, votei em branco, pelo que nenhum desses esforçados defensores do povo de Lisboa lá está por minha culpa.

6 de janeiro de 2007 às 10:40  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

No texto, falo de "investidor", mas a coisa é um pouco mais complicada:

O parque foi construído numa época em que as autoridades faziam o seu trabalho (impedindo o estacionamento selvagem ali perto) e os lugares de estacionamento foram vendidos a particulares, por "x" anos. Houve uma grande corrida ao que parecia ser um bom investimento.

Simplesmente, como os moradores passaram a ter direito a lugares na rua gratuitos e o estacionamento selvagem actualmente é 99% impune, a compra desses lugares deve ter sido desastrosa (se foi feita com ideia de os vender mais tarde).

Quem é que, por ali, precisa de gastar dinheiro se pode estacionar à borla e com a polícia a "guardar" o carro?

6 de janeiro de 2007 às 18:42  
Anonymous Anónimo said...

O facto de ali ser a Assembleia Municipal não é elemento dissuasor do estacionamento selvagem. Antes pelo contrário. Multar, imobilizar ou rebocar um carro daqueles é correr o risco de estar a incomodar um qualquer "Sr Importante". Ou familiar do "Sr Importante". Ou amigo do "Sr Importante". Ou conhecido do amigo do "Sr Importante".

E depois lá vem telefonema, porque Leis para "civis" não se aplicam a "Sr. Importantes"

8 de janeiro de 2007 às 18:35  
Blogger M Isabel G said...

Não vejo causa efeito entre o aumento dos parquímetros e a situação anterior ao aumento.

Há selvajaria ponto final.
Antes e depois do aumento.

Enquanto a polícia não quiser actuar , nada a fazer. Enquanto não houver sinais inequívocos das autoridades, bem podem continuar a fazer códigos da estrada, leis e mais leis.

10 de janeiro de 2007 às 14:21  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

O que também aqui se quer mostrar é que quando o preço dos parquímetros aumenta, o lisboeta estaciona em locais proibidos (onde não há parquímetros e, portanto, o problema não se põe...).

A situação à porta da AML só aqui é referida porque é o suprassumo do ridículo, da impunidade e das leis-da-treta que fazem as delícias dos decisores-que-temos.

10 de janeiro de 2007 às 14:36  

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