21.3.07

A fome e a vontade de comer

A MIÚDA RAPTADA do Hospital de Penafiel foi entregue aos pais verdadeiros depois dum ano com a família da raptora como sua.
Curioso como neste caso parece estar o retrato do País: a criança foi devolvida aos seus pais legítimos, ambos de vida desgraçada e com dois dos sete filhos fora do casal por imposição do tribunal de menores que entende que os pais não têm meios para sustentar os filhos.
A raptora foi presa preventivamente. Vivia com duas filhas suas e mais um rapaz adoptado por ele que trabalhava longe e só vinha a casa aos fins-de-semana, estando ela desempregada, pelo que a casa onde habitavam estava à venda para fazerem algum dinheiro que lhes melhorasse a subsistência.
Demasiados miúdos de Portugal parecem ter esta sorte: ou os matam à pancada, ou os tratam mal ao ponto de abusarem deles, ou têm a querê-los tanto - que até são capazes de os raptar - a fome ou a vontade de comer. O resto nem imagina a sorte que tem.
«25ªHORA» – «24 Horas»

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

«O resto nem imagina a sorte que tem».

Aplicam-se os versos do F. Pessoa:

(...)
invejo a sorte que é tua
porque nem sorte se chama

21 de março de 2007 às 21:38  

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