28.3.07

O Maelstrom

UM AMIGO MEU discorda profundamente de Eduardo Lourenço. Para ele, a eleição de António Oliveira Salazar não representa a morte simbólica do 25 de Abril mas, pelo contrário, uma suprema manifestação de liberdade. O concurso da RTP “Grandes Portugueses” foi assim a primeira eleição verdadeiramente livre que a política portuguesa conheceu desde o 25 de Abril. Não condicionados por expectativas ideológicas e económicas, livres do espartilho da partidocracia, deixados completamente à vontade para fazer a sua escolha, desimpedidos de qualquer espírito de auto-censura ou arrependimento, milhares de portugueses votaram como quiseram. Isto, de acordo com o meu amigo.
A mim, o que me fascina é o lugar central que Santa Comba Dão tem vindo a ocupar em várias esferas da psicopatologia colectiva do país: ele é o serial killer de Santa Comba Dão, que não resiste à tentação de violar e matar adolescentes, ele é o velho das botas, que não resiste à tentação de governar um país para lá de todas as datas de validade, ele é o padre acelera que não resiste à tentação da velocidade nas estradas do distrito. No fundo, Santa Comba Dão é o maelstrom das mais indizíveis fantasias nacionais. Só me admira que o Padre Frederico não passeasse os seus rapazes junto à Barragem da Aguieira, que a Ota não seja construída no Vimieiro, que não haja belas e mestres santacombenses na TVI, e que o túnel do Marquês não desagúe no IP3.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Correcção: A mãe do Pe. Frederico nasceu em SCD. E eu também.

27 de junho de 2007 às 18:53  

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