4.4.07

OTA, co-incineração, aborto, eutanásia…

Por Carlos Barroco Esperança
HÁ COISAS que, por mais que me interrogue, não vejo como possam ser de esquerda ou de direita. Pressinto, isso sim, que possam ser aproveitadas pela guerrilha partidária com a mesma elevação com que à segunda-feira se discutem os jogos de futebol.
A política, por falta de formação cívica e cultura democrática, tornou-se uma espécie de rixa entre clubes, o único modelo de participação que herdámos da ditadura.
Infelizmente, não há democracia sem contraditório e combate político mas a vivacidade e o vigor da luta não podem prescindir da lealdade da argumentação, de um mínimo de reflexão, de alguma cultura e coragem cívica.
Quando, há quase 50 anos, escrevi uma carta de apoio a Arlindo Vicente, mais pela sedução pelo advogado do que pela percepção de eventuais diferenças ideológicas entre ele e Humberto Delgado, já sabia que sem pluralismo não há democracia e, sem esta, não há liberdade.
Hoje, 33 anos depois de Abril, ainda há quem cultive a calúnia e o anonimato, viva da arruaça e do ódio, e pense apenas pela cabeça do líder do partido ou do chefe de facção.
Enquanto proliferam os pequenos negócios e o tráfico de influências, não se condenam decisões políticas, fazem-se ataques pessoais e calunia-se sem se estudarem os assuntos ou reflectir sobre o que é melhor para o País.
Para o País? Mas que interessa aos parasitas o destino do País? É do seu bem-estar que cuidam e pelos interesses de grupo que zelam. Ainda não vi ninguém, no PS ou no PSD, a dizer onde iriam buscar os recursos para sustentar despesas que se procuram conter.
E o certo é que estamos hoje a gastar o que os nossos pais nos deixaram e a consumir o que faltará aos nossos filhos, sem qualquer vergonha ou remorso, numa espiral suicida de quem espera já não ser vivo quando chegar o naufrágio.

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