8.5.07

PASSEIO ALEATÓRIO

A espuma da cerveja

Por Nuno Crato

DOIS MATEMÁTICOS NORTE-AMERICANOS acabam de resolver um problema de matemática aplicada, inspirado na espuma da cerveja. São eles mesmo que o dizem. Robert MacPherson e David Srolovitz conseguiram generalizar uma equação formulada por John von Neumann em 1952, tornando-a aplicável não só ao plano como também ao espaço tridimensional, que é aquele em que vivem e morrem as bolhinhas de cerveja.
Este desenvolvimento permite encarar problemas industriais sérios, nomeadamente em cerâmica e metalurgia, em que é importante conseguir a fusão apropriada de grãos de material. Na cerveja, a teoria desenvolvida por estes dois matemáticos permite explicar a dinâmica da espuma em função de alguns parâmetros, nomeadamente a difusão do gás e a tensão superficial. Permite também explicar por que razão há bolhas mais pequenas que encolhem, enquanto as maiores crescem até que rebentam. E justifica o facto de algumas cervejas, nomeadamente as lager, terem uma espuma muito efémera, enquanto outras, nomeadamente a Guinness, possuírem uma espuma robusta e duradoura. Estas últimas conseguiram, sem o saberem, encontrar os parâmetros certos.
Os mistérios da cerveja não são novos. Um problema igualmente fascinante sobre a espuma tinha sido resolvido há pouco tempo por físicos de Stanford. Verificaram eles que, em certas condições, é verdade que há bolhas que descem no interior da cerveja em vez de subirem, fenómeno que, até à data, tinha sido sempre negado. Haveremos de falar disso.
Mas entretanto leitor, se vir a cerveja levantar-se, sair do copo e flutuar no espaço, não procure matemáticos nem físicos para lhe justificarem o fenómeno. A explicação é simples: copos a mais!
Adaptado do «Expresso»

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