9.5.07

Na minha qualidade de engenheiro, inscrito na Ordem dos Engenheiros, palpita-me que...

Aeroporto de Macau, junto da Ilha da Taipa

O NAER, "Jangada de Pedra"
ANTES DE MAIS, esclareço que quando o NAER (Novo Aeroporto de Lisboa) estiver operacional (na Ota ou noutro lado qualquer), já me darei por muito satisfeito se ainda estiver vivo, pelo que o meu interesse pelo assunto dificilmente será como utilizador - mas apenas como cidadão interessado, eleitor compulsivo e contribuinte à força.
No entanto, no meio de tanta discussão e conversa-fiada, há uma coisa que eu gostava que alguém me esclarecesse:
Será verdade que a Ota não terá possibilidades de ampliação?
Se assim for, dentro de uma vintena de anos os nossos filhos andarão a discutir o mesmo que tanto nos apaixona agora. Claro que isso, por si só, não tem mal nenhum; mas, como toda a gente por esse país fora dá dicas, opiniões e palpites, aqui fica a minha contribuição:
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COMO SE SABE, actualmente as duas maiores discussões são entre os que acham que ele deve ficar mais a Norte e os que acham que deve ficar mais a Sul, e em torno da impossibilidade de ampliação futura, se vier a ser construído na Ota.
Claro que, sendo uma obra que vai atravessar vários governos, seria bom que os principais partidos se entendessem sobre o assunto. Mas desiludamo-nos! - os que ontem defendiam a Ota opõem-se-lhe hoje, pelo que não estamos livres do vice-versa.
Assim sendo, e como a discussão já tem a mais em partidarite o que lhe escasseia em seriedade, vamos mais longe no delírio:
Porque não, como se fez em Macau, um aeroporto no meio da água - porventura ao largo do Bugio? Aí, estaria livre de especulação imobiliária e teria um razoável espaço para ALARGAMENTO...
E, já agora, que se construísse em cima de bidões flutuantes, para poder ser REBOCADO em todas as direcções, satisfazendo todos: não só o actual governo, como também os outros que hão-de vir, e que decerto defenderão o contrário, o inverso-do-contrário, e até mesmo o oposto-do-inverso-do-contrário...
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Publicado integralmente no «PÚBLICO» (em 12 Mai 07) e, numa versão mais curta, no «DESTAK» do dia 15

3 Comments:

Blogger BlogoLogoLogo said...

Aeroporto no Bugio ? Porque não ?
Responderia a (pelo menos) algumas questões.
Abordo o assunto no meu blog:
http://blogologologo.blogspot.com/

Cordiais saudações

9 de maio de 2007 às 19:21  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Aqui deixo algumas "bocas" soltas, que não se enquadravam no espírito brincalhão do post, e sem qualquer preocupação de ordem:
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A opção por fazer um novo aeroporto internacional (se, quando e onde) é, em toda a parte do mundo, uma decisão 100% política:
Decidir porque é que se gasta dinheiro numa coisa e não noutra; ou porque é que se vai dar preferência ao desenvolvimento de uma região e não de outra - é política pura e dura, e tem pouco a ver com o facto de o terreno ser mais plano ou mais acidentado.
É mesmo assim, e é para decidir essas coisas que há políticos profissionais (no Governo e na Oposição) a quem pagamos.
Claro que isso não pode bloquear o direito que os contribuintes (e as Oposições) têm de serem informados sobre algumas opções - e é aí que o Governo não se tem portado com a clareza que talvez fosse exigível.
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Este assunto está a deixar de ser uma discussão política (lógica e natural, pelo que atrás se disse) para se transformar numa discussão partidária - quando um partido passa a defender na Oposição o oposto do que defendia no Governo.

A "coisa" está a assumir aspectos de casmurrice e de guerra tonta, do género Benfica-Sporting.
Num assunto como este, isso não pode ser, e espera-se dos políticos um pouco mais de elevação e clareza (de intenções e processos).

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Os que querem o aeroporto na Ota, dizem que há interesses a puxar por outra localização. Os que querem o aeroporto noutra localização, dizem que há interesses a puxar pela Ota.
Mas é mesmo assim, e estranho seria se os possíveis beneficiados por ele não fizessem pressão para o seu lado!
Se isso até sucede com a localização de uma paragem de autocarro - quanto mais com a de um aeroporto internacional!

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Os custos não me preocupam muito, pois o que são 3,5 mil milhões comparados com os 16 ou 17 de fuga ao fisco (números oficiais)?
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Por que razão Mário Lino, só depois de MUITO pressionado é que disponibilizou os estudos na Internet? E como é que se explica que, de vez em quando, se venha a descobrir que foram omitidos estudos que não lhe interessavam?
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E quanto ao número de passageiros? Quando nos dizem que para os dois TGV vai haver não-sei-quantos milhões de utilizadores (que os justificam), fico com a ideia que eles não são descontados nas contas dos futuros voos para Madrid e Porto. Mas também reconheço que isso não é grave, pois já me enganaram com coisas muito piores.
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Conheço pessoalmente o Professor Galopim de Carvalho, e custa-me a engolir que menosprezem as opiniões dele, especialmente comparando com a valorização dada aos jovens da Quercus - que Mário Lino até convidou para almoçar.
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Etc., etc.
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Mas a explicação para todas essas dúvidas e tropelias é muito simples:
Tratando-se - queiramos ou não - de um decisão política, os "estudos" até podem vir DEPOIS, pois "só interessam os que interessam", como sucede com os pareceres que os governos pedem aos juristas, e de que só aproveitam os que "confirmam o que, antes, já foi decidido"...

10 de maio de 2007 às 21:41  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

No «DESTAK» de 15 Mai 07 publicou-se esta versão mais curta:
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Um aeroporto para todos os gostos

Actualmente, as duas maiores discussões em torno do Novo Aeroporto de Lisboa são entre os que acham que ele deve ficar mais a Norte e os que acham que deve ficar mais a Sul, e em torno da impossibilidade de ampliação futura, se ele vier a ser construído na Ota.

Claro que, sendo uma obra que vai atravessar vários governos, seria bom que os principais partidos se entendessem sobre o assunto. Mas desiludamo-nos! - os que ontem defendiam a Ota opõem-se-lhe hoje, pelo que não estamos livres do vice-versa. Assim sendo, e como a discussão já tem "partidarite" a mais e seriedade a menos, vamos mais longe no delírio:

Porque não, como se fez em Macau, um aeroporto no meio da água - porventura ao largo do Bugio? Aí, estaria livre de especulação imobiliária e teria um razoável espaço para ALARGAMENTO... E, já agora, que se construa em cima de bidões flutuantes, para poder ser REBOCADO em todas as direcções, satisfazendo todos: não só o actual governo, como também os outros que hão-de vir, e que decerto defenderão o contrário, o inverso-do-contrário, e até mesmo o oposto-do-inverso-do-contrário...

15 de maio de 2007 às 11:00  

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