25ªHORA

Prado Coelho

Por Joaquim Letria

NÃO VOU PÔR-ME AQUI a fazer mais um elogio fúnebre ao Eduardo Prado Coelho.

Há, porém, um ponto que não quero deixar passar em claro: Eduardo Prado Coelho assinava semanalmente uma crónica no suplemento de Cultura do jornal “Público”, onde diariamente escrevia uma coluna pessoal que era, justamente, muito apreciada.

Na sexta-feira passada, Eduardo Prado Coelho escreveu a última dessas crónicas, na véspera de ser anunciada a sua morte. De certeza que um homem que dentro de horas está morto não terá grande apetite para escrever uma coluna de jornal, ainda por cima acerca de Alberto João Jardim.

Poucos serão os que dão valor a Eduardo Prado Coelho pelo esforço físico que teve de despender, antes e depois da cirurgia do transplante de fígado a que se submeteu, para todos os dias escrever aquelas crónicas.

Fazia-o por gosto, mas também por necessidade. Desculpem falar destas coisas, mas não fica bem elogiar-se no “post mortem” quem não se estimou em vida.

«24 horas» de 27 de Agosto de 2007