«O Clube dos Inventores» (*)
[Pormenores aqui]
Esta curiosa notícia (se for verídica - convém ressalvar!) presta-se, naturalmente, a muitos comentários - que não se fizeram esperar, pelo menos na blogosfera. Aqui fica o meu contributo:
Alguém, lá na 5 de Outubro, deve ter ficado a matutar no anexim «Para baixo todos os santos ajudam», e atribuído às referidas personalidades as culpas pelos trambolhões da educação em Portugal.
Deve ter pensado, também, que não foi por acaso que o Terramoto de 1755 foi no dia de Todos-os-Santos.
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O certo é que esta medida me faz lembrar uma empresa de engenharia que eu conheci e que era um autêntico descalabro. No meio daquela desgraça toda, havia um engenheiro muito cínico que, não levando nada daquilo a sério, costumava desabafar:
«Apesar de tudo, temos uma grande vantagem competitiva: enquanto a concorrência inventa soluções para os problemas, nós inventamos problemas para as soluções».
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(*) Título de um livro infanto-juvenil que pode ser lido na íntegra, em formato e-book , [aqui], tendo a primeira parte sido editada em papel pela Plátano Editores.
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Actualização: fiz agora o que já devia ter feito logo no início: fui procurar o documento referido no «CM» (está [aqui]) e li-o de uma ponta à outra. Comecei por não detectar nada que justificasse a notícia mas, numa segunda leitura (sugerida por José da Grande Loja do Queijo Limiano), lá encontrei, entre outras coisas:
Artigo 2.º
Disposições finais
1 — As direcções regionais de educação devem, no prazo de 90 dias a contar da data da entrada em vigor do presente decreto-lei, remeter ao Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação as listas com as propostas de novas denominações para os estabelecimentos de educação ou de ensino e dos agrupamentos de escolas da respectiva área geográfica que não respeitem o disposto no Decreto-Lei n.º 387/90, de 10 de Dezembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 314/97, de 15 de Novembro, e pelo presente decreto -lei. (...)
*
Seguidamente, e para que "a coisa" fosse analisada como deve ser, eu deveria ir consultar os dois Decretos-Lei referidos (e sabe-se lá que mais outros!). Pode ser que, nesses, venha a tal referência aos santos e às santas; mas quem quiser que o faça - a mim, já se me feneceu a pachorra!
Etiquetas: CMR
6 Comments:
Não posso crer que a notícia tenha qualquer fundamento, pois seria o total descalabro. Se assim fosse, o que viria a seguir? Hospitais (de Santa Maria, de S. Francisco Xavier, de Todos os Santosa, de S. João, de Santo António, etc.), de ruas, nomes pessoais? A ser uma "invencionice" do jornal, nem piada lhe encontro.
Another episode in a larger-than-life comedy called Portugal!
Lembram-se da "boca" de reduzir a velocidade nas autoestradas para 118km/h?
E da "boca" de que os táxis iam parar 1 dia por semana?
E da "boca" que os sacos de plástico iam pagar mais uma taxa além da que já pagam?
E da "boca" que as SCUT da Costa de Prata iam ter portagens antes do dia de ontem?
E da "boca" que "já-més" haveria um aeroporto na margem sul?
E... e... e...?
Quero dizer com isto que este assunto dos santos (M/F) não vale a cera que se gasta com ele, pois, decerto, não passa de outra "boca".
No entanto, não deixa de ser curiosa esta forma de governar. Já tínhamos a respiração boca-a-boca; agora temos a governação "boca"-a-"boca"...
Hoje, no «Público», José Miguel Júdice aborda este problema de uma forma curiosa:
Primeiro, fez o que qualquer pessoa sensata deveria ter feito antes de começar a debitar "bocas" sobre o tema: foi ler o Decreto-Lei referido no «CM» para confirmar a veracidade da notícia. E confessa que também não encontrou qualquer referência a nomes de santos nem de santas.
Então, como é que se compreende que uma notícia falsa (ou, no mínimo, incorrecta) tenha tido tanta divulgação?
A resposta é simples: é porque as pessoas acharam que um disparate daqueles, vindo do governo, teria "alguma lógica" e não seria de admirar.
Funcionou, pois, como aquelas mentiras bem esgalhadas do 1.º de Abril: falsas mas plausíveis...
... e com impacto mediático.
O Ministério da Educação na sua santa incompetência teima em ignorar que a razão principal dos problemas do nosso ensino escolar, causadora de todos os outros problemas, é um paradigma viciado, que foi imposto a este sistema pelo mesmo Ministério, quando há 30 anos prescindiu-se de desenvolver as capacidades de memorização dos alunos. Este paradigma ridículo está a ser reforçado nos seus efeitos nefastos pelo método global de ensino de leitura, que deixa mais de metade dos alunos sem capacidade efectiva de ler.
Estes assuntos estão discutidos em mais pormenor no nosso blog, onde igualmente propusemos as medidas que permitam reconstruir o ensino escolar.
Comparados com este disparate pedagógico monumental, todos os outros factores são manifestamente secundários, desde o número de computadores por aluno e até aos nomes das escolas.
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