10.1.08

Ramalho Eanes – Um erro de casting

C. Barroco Esperança
O 70.º ANIVERSÁRIO DE JUAN CARLOS, rei de Espanha por ironia da história, cidadão que goza de merecida simpatia, incluindo em Portugal, foi pretexto para que o Expresso entrevistasse os Presidentes da República Portuguesa, de Eanes a Cavaco.
Surpreendentes foram as declarações de Ramalho Eanes que, a dado momento, lamenta «que nem toda a Espanha política e civil terá interiorizado, como se esperaria e desejaria, que, como disse Herrero de Miñón, “o monarca vitalício e hereditário está melhor colocado que qualquer magistrado electivo para ser absolutamente neutral e independente”, para estar acima de todas as segmentarizações [sic] políticas e ser garante da continuidade e unidade nacional, indispensável, esta, até para manter os militares democraticamente nos quartéis».
Esqueçamos a dificuldade que Eanes tem com a clareza da expressão e a linguagem rebarbativa e pouco eufónica.
Que um Presidente da República se tenha tornado uma espécie de monarca é coisa que se absolve a Soares, mas que Ramalho Eanes se tenha tornado monárquico é encardir o passado honrado, desmerecer o papel honroso que cumpriu e demonstrar que capitulou perante novas vassalagens.
O seu passado merecia que cuidasse mais da imagem histórica e menos das ligações à Universidade de Navarra. O «Camiño» é uma vereda mal frequentada que, em casos limite, leva ao uso do cilício e põe de joelhos um homem vertical.

Etiquetas:

2 Comments:

Blogger joshua said...

Dados os novos diluentes identitários das Nações, promovidos por enormes engrenagens burocráticas, já tenho dúvidas se a Monarquia não é um último reduto de coesão e de identidade.

10 de janeiro de 2008 às 11:04  
Blogger dorean paxorales said...

A depreciação "rei de Espanha por ironia da história,", merece uma lembrança de Tejero.

"Que um Presidente da República se tenha tornado uma espécie de monarca é coisa que se absolve a Soares, mas que Ramalho Eanes se tenha tornado monárquico é encardir (...)"

Por coerência, é precisamente o oposto.

14 de fevereiro de 2009 às 11:35  

Enviar um comentário

<< Home