Governo simplifica a língua
Por Ferreira Fernandes
NUM PAÍS em que "a minha pátria é a língua portuguesa" era inevitável o sobressalto patriota. Aconteceu ontem: fica proibido pôr um piercing na pátria.
Comprova-se a vontade em simplificar a língua: depois do acordo ortográfico, tira-se o piercing. A pátria ficou mais coesa: havia portugueses com piercing na língua e portugueses sem piercing na língua - ficou um país de língua única (tirando o mirandês).
Quando a lei sair no Boletim, a língua oficial é sem piercing.
Tudo porque, parece, um piercing pode matar. Por isso o Governo decidiu perder o latim com o assunto: não quer uma língua morta. Legislou-se, pois, para que haja tento com a língua.
Mas se passa a ser proibido, passa a poder ser controlado. Como? Vejo o polícia: "Importa-se de nos mostrar a língua?"
É o tipo de caça à multa sem escapatória. Se um cidadão tem piercing, e mostra, multa-se por infringir a nova lei. Se não tem, multa-se por causa da lei antiga: mostrar a língua à autoridade é desrespeito.
«DN» de 15 Mar 08 - c.a.a.
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2 Comments:
Acho muito bem que se ataque esta invasão de privacidade que o Estado pretende! Eu mando em mim, ponto final!
E note que também não se poderá ter piercings nos genitais. Então o polícia perguntará "Importa-se de me mostrar os seus genitais?" Será que não há multa por mostrar os genitais aos polícia?
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