3.8.08

E a vidinha à nossa espera...

Por Nuno Brederode Santos

PRONTO PARA MAIS UM AGOSTO de Lisboa, trago ainda uma translúcida memória do que marcou, em mim, a minha ausência.

Uma vez mais, um grupo de caminhantes, supostamente desportivos, perdeu-se nas margens do rio Teixeira e passou uma noite ao relento. Na manhã seguinte, foram todos encontrados e isso valeu-lhes ampla cobertura mediática. Ninguém se magoou e, por isso, ninguém se salientou. Ninguém foi além de si mesmo (a qualquer título, bom ou mau). Não houve heróis nem mártires. Nem Rambos nem MacGyvers. Deu só para nos zurzirem a cabeça, durante uma noite e um dia, com entrevistas a bombeiros e, após o resgate, a uns abazurdidos adultos de calção curto, que aproveitaram para fazer alarde do seu inquieto humanismo. Não tendo havido vítimas a lamentar ("não, não houve pânico algum", reiteraram dois protagonistas do evento), vá lá que nos valeram os salvados da consciência das vedetas do evento: envergonhados pelos erros cometidos, prescindiram da sua glória acidental e ninguém posou para a eternidade. É que, mais ano, menos ano, a gente apercebe-se de que anda ali muita impreparação e, digam os media o que disserem, começa a recusar-lhes os quinze minutos de glória. Admito que todos tenhamos a ela direito, mas haverá que aguardar melhor oportunidade.

(...)

Texto integral [aqui]

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1 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

O autor enviou-me a seguinte NOTA, que aqui se afixa:

«Voz amiga alertou-me para o uso da palavra "abazurdido" no meu texto. Não por ser uma palavra feia - que é - pois isso, num registo irónico até ajuda. Mas por ser um galicismo. E por estar com "z", em vez de "s". (...)»

4 de agosto de 2008 às 08:12  

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