Critérios e "descritérios"
UM DIA DESTES, ao dar uma volta de carro com o meu velho amigo Chico, passámos por um daqueles crimes urbanísticos que se vêem, com fartura, por esse país fora. Ora, sabendo eu como ele é sensível a esses assuntos, abrandei, apontei para o monstro em causa, e fiz um comentário na linha dos que são habituais em circunstâncias idênticas.
No entanto, para minha surpresa - e ao contrário do que costuma fazer em casos semelhantes -, o Chico limitou-se a olhar... a olhar... matutou..., e acabou por falar, antes, do tráfego intenso e da chuva que caía com abundância.
Sucedeu, porém, que algum tempo depois voltámos a passar pelo mesmo sítio, e dessa vez foi ele quem, para meu espanto, chamou a atenção para o mamarracho, comentando-o em tom agreste e não poupando mimos a «esta corja de autarcas corruptos, imbecis e incompetentes» - palavras que eu esperava que ele já tivesse usado, e sem parcimónia, logo da primeira vez!
O mistério para a sua mudança de atitude desvendou-mo a filha quando, falando sobre o assunto, me confidenciou, rindo, que o pai tinha andado a investigar de que partido era a autarquia daquela terra aquando da construção do monstro...
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3 Comments:
O apelido do Chico devia ser Esperto, ou não ...?
Jorge,
A história é verídica, só substituí o nome da pessoa.
Trata-se de um velho amigo que, nos últimos tempos, deixou de pensar pela sua cabeça, passando a raciocinar em termos partidários.
Coisas como a Ota, o TGV, o Kosovo ou mesmo o Acordo Ortográfico são por ele defendidas ou atacadas conforme as posições dos partidos (do dele e dos "outros").
Claro que me farto de rir quando o partido dele muda de opinião - o que, por sinal, sucede com frequência...
Também conheço desses Chicos. Todos conhecemos, não é?
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