Magos da Matemática
Por Alfredo Barroso
A ESPECTACULAR E FULGURANTE subida das notas positivas nos exames, sobretudo de Matemática, tanto no ensino básico como no secundário, é comparável a um fenómeno do Entroncamento, só possível em Portugal.
Em 2008, nada menos do que 1.052 escolas básicas conseguiram aquilo que, em 2007, só 222 tinham conseguido. De 83 por cento de ‘chumbos’ em 2007 desceu-se para 26 por cento em 2008. Estamos perante um esforço titânico de aprendizagem ou um caso de pura magia estatístico-política?!
Estes resultados seriam motivo de grande regozijo, se não pesasse sobre eles a suspeita de ter havido uma acentuada diminuição do nível de exigência nos exames (não apenas de Matemática) para melhorar substancialmente as estatísticas em ano eleitoral. O nacional-porreirismo está em marcha!
Assim, o parecer do Conselho Nacional da Educação a sugerir que os ‘chumbos’ sejam abolidos nem precisa de ser adoptado pelo Ministério. Basta ‘servir’ exames por medida a todos os cábulas, transformando-os em magos da Matemática. Exulta a Ministra e regozijam-se os paizinhos. Perdem os meninos e perde o País.
É irresistível a comparação com aquilo que se passa no futebol português. Diz-se que a Liga Sagres está mais ‘competitiva’. Mas isso deve-se, infelizmente, à acentuada diminuição da qualidade das equipas chamadas ‘grandes’ e não, propriamente, ao facto de as equipas ‘pequenas’ e ‘médias’ terem subido de nível.
Matemática e futebol em Portugal, a mesma luta? Pelo menos é o que parece!
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NOTA: Esta e outras crónicas do autor estão no seu blogue Traço Grosso.
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2 Comments:
O problema só se resolve, definitivamente, com importação de material genético da Índia para inseminação artificial.
Sugestão interessante Táxi Pluvioso. Quem sabe um dia.
Antes existia o problema de os exames nacionais de 12º ano de Matemática serem desajustados daquilo que os alunos aprendiam ao longo dos anos anteriores, por terem um nível de dificuldade superior; hoje o problema também é de desajustamento, mas neste caso os exames são fáceis de mais. Mesmo muito!
O que interessa é que os dados estatísticos pareçam bem aos olhos europeus. O resto que se amanhe.
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