18.10.08

Recordando Gomes Freire de Andrade

«O corpo (...) mal queimado foi atirado ao mar, que pouco depois o lançou de si primeira e segunda vez, foi roído pelos cães thé que por fim enterrarão na praia um resto» - in «Vida e Morte de Gomes Freire», de Raul Brandão
.
TALVEZ O ASPECTO do forte de S. Julião da Barra não fosse muito diferente deste quando, no dia 18 de Outubro de 1817, o general Gomes Freire de Andrade, então com 60 anos, nele foi enforcado e queimado. Os restantes companheiros tiveram tratamento semelhante, mas no Campo de Sant' Ana (*), no decurso de um macabro espectáculo que não ficou a dever nada aos autos-de-fé do Santo Ofício.
Pergunta com prémio (**): Como se chamava o senhor que, pouco antes das execuções, comentou, optimista: «He [é] verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar...» (***)
*
(*) - Debalde percorri o agora chamado Campo dos Mártires da Pátria em busca de algo que recordasse tão dramáticos acontecimentos. O que encontrei de mais significativo foi o que se pode ver [aqui].
(**) - As condições deste passatempo, cujo prémio será um exemplar de uma obra de Raul Brandão (a que é atrás referida, ou «Os Pescadores» ou «Húmus» - à escolha do vencedor), serão iguais às dos dois anteriores: os comentários, inicialmente bloqueados, serão possíveis a partir de um determinado momento-surpresa, que ocorrerá durante o dia de hoje. Cada leitor poderá dar uma única resposta.
(***) - Foi neste interessante desabafo que, em 1961, Luís de Sttau Monteiro se inspirou para dar o título à sua famosa peça de teatro. Tendo estado proibida durante a ditadura, «Felizmente há luar!» foi levada à cena em 1978, no Teatro Nacional, numa encenação do autor.
Actualização: depois de desbloqueados os comentários às 15h01m, o passatempo terminou com duas respostas certas, das quais a primeira foi dada por Marco.

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9 Comments:

Blogger Marco M. said...

Este comentário foi removido pelo autor.

18 de outubro de 2008 às 15:08  
Blogger Marco M. said...

Ainda com dúvidas mas aposto em D. Miguel.

18 de outubro de 2008 às 15:15  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Atenção!

Quando falamos de um D. Miguel em 1817, pensamos no Infante com esse nome, filho de Carlota Joaquina.

Preciso, pois, de saber se é a esse D. Miguel que Marco se refere, ou se é a outra pessoa com o mesmo nome.

18 de outubro de 2008 às 15:25  
Blogger Marco M. said...

Não, é Dom Miguel Pereira Forjaz - 9º Conde da Feira.

18 de outubro de 2008 às 15:33  
Blogger MP said...

Dom Miguel Pereira Forjaz
- 9º Conde da Feira

n: 1 de Novembro de 1769 (Portugal)
m: 6 de Novembro de 1827 (Portugal)





Entrou para o exército em 1785, como cadete no Regimento de Peniche onde encontrou muitos membros da sua família. Foi promovido a alferes em 1787, e serviu no estado-maior do conde de Oeynhausen, inspector-geral da Infantaria, estando com ele no campo da Porcalhota em 1790.

Foi promovido a capitão em 1791, e a major («sargento-mor») em 1793, sendo nomeado ajudante de ordens do general Forbes, comandante da divisão portuguesa que foi combater no Rossilhão e na Catalunha. Já com o posto de coronel, foi em Março de 1800 nomeado governador e capitão-general do Pará, mas não chegou a partir para o Brasil, e na campanha do ano seguinte, no Alentejo, exerceu o cargo de quartel-mestre-general (chefe de estado maior) do general Forbes. Em 1806 foi elevado a brigadeiro, e encarregado da inspecção-geral das milícias. Quando a família real saiu de Portugal para o Brasil, em 1807, foi nomeado secretário suplente do governo, quando fosse necessário de substituir o conde de Sampaio.

Quando Junot assumiu o governo do país, retirou-se para a província. Estava em Coimbra quando começou a revolta contra a ocupação francesa e dirigiu-se para o Porto, onde começou a reorganizar o exército, sob as ordens do seu primo Bernardim Freire de Andrade. Acompanhou-o como ajudante general do exército do Norte na sua marcha do Porto para Lisboa, tendo sido nomeado, depois da convenção de Sintra, secretário da regência sendo encarregado da pasta dos negócios da guerra e estrangeiros. Neste cargo reorganizou o exército, de acordo com as propostas de 1803, que tinham sido vagarosamente implementadas até 1807. A criação dos batalhões de caçadores é uma das suas iniciativas, de acordo com as propostas de 1803. Apoiou Beresford, de uma maneira cada vez mais crítica, na adaptação do exército português ao serviço de campanha do exército britânico.

Em 1815 opôs-se, com êxito, ao envio de uma divisão portuguesa para os Países-Baixos para combater Napoleão Bonaparte, no período dos Cem Dias.

Deixou o seu lugar na regência devido à revolução de 1820, afastando-se dos negócios públicos.

Em 1808 tinha sido promovido a marechal de campo, e em 1812 a tenente general. Por decreto de 13 de Maio de 1820 recebeu o título de conde da Feira, e em 1826 foi eleito par do reino, por ocasião da outorga da Carta Constitucional por D. Pedro IV.

(http://www.arqnet.pt/exercito/forjaz.html)

18 de outubro de 2008 às 15:41  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

OK, ver "actualização".

Obrigado a ambos.

18 de outubro de 2008 às 16:01  
Blogger MP said...

De nada :)

18 de outubro de 2008 às 17:07  
Blogger Unknown said...

Sobre indicações em lugares onde ocorreram factos históricos, falta, no mínimo, uma tabuleta num prédio da Almirante Reis, junto ao Intendente, onde a 19 de Outubro de 1921 foram fusilados Machado dos Santos, o chefe militar da revolta de 1910 (implantação da república)

19 de outubro de 2008 às 03:44  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Os ingleses governavam porque o rei fugiu, logo tinham legitimidade para enforcá-lo como um ladrão de cavalos.

19 de outubro de 2008 às 06:35  

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