29.11.08

Luz - XXXII

Fotografias de António Barreto - APPh.
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RIO DOURO. Espelho de água visto da quinta do Crasto.

Esta quinta tem estado muito na imprensa, estes dias. Um vinho seu (“Vinhas velhas, Reserva, 2005) ficou em terceiro lugar na famosa lista dos TOP 100 da revista Wine Spectator. Uma das vinhas desta quinta, vinha Maria Teresa, além de ser lindíssima (vinhas velhas plantadas à maneira antiga, segundo as curvas de nível), produz um outro vinho, o “Maria Teresa” justamente, muito bom (mas muito caro!).

À esquerda da fotografia, vê-se a linha do comboio, mesmo à beira rio. É uma das mais maravilhosas linhas de caminho-de-ferro do mundo, pela paisagem que atravessa e pela distância que percorre. Esta linha já foi reduzida, deixou de haver movimento entre o Pocinho e Barca d’Alva. Como já tinha deixado de haver prolongamento para Espanha. Agora, fala-se de novo em terminar o trajecto de Pinhão ao Pocinho. Quem sabe se um dia a linha desaparece simplesmente. É triste e lamentável. Qualquer outro país faria tudo para preservar e manter esta linha.

Acrescente-se que as linhas dos vales afluentes tiveram o destino fatal. A do Sabor está fechada definitivamente. A do Tua, com o recente acidente e a ulterior barragem, fechada está. A do Corgo terminou entre Vila Real e Chaves, agora limita-se ao percurso Régua a Vila Real. Qualquer destas linhas é de uma beleza impressionante.

Quanto a este espelho de água, lugar de tranquilidade, resulta evidentemente das albufeiras das barragens. Até aos anos sessenta, não era assim. Este rio, em múltiplos locais, era bravo e selvagem. Perigoso mesmo. Com as barragens, foi pacificado. Domesticado, como dizia Miguel Torga. Deixou de ser o que era, ganhou um novo carácter. Mas ainda se impõe aos nossos sentimentos.

NOTA (CMR): ver, [aqui], duas dezenas de fotos da Linha do Tua enviadas pelo leitor R. da Cunha

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